EUA sancionam Petro, presidente da Colômbia, por “tráfico global de drogas”

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 16:47
Donald Trump e Gustavo Petro. Foto: Divulgação

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (24) sanções diretas contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e seus familiares, bloqueando bens ligados ao chefe de Estado. A medida foi publicada no site oficial do Departamento do Tesouro, que citou, sem provas, o envolvimento do país com “tráfico global de drogas ilícitas” como justificativa.

“O Tesouro está sancionando o presidente colombiano, Gustavo Petro, por seu papel no tráfico global de drogas ilícitas. Sob o governo do presidente Petro, a produção de cocaína na Colômbia atingiu níveis recordes. Petro tem proporcionado benefícios a organizações narcoterroristas. Sob a liderança do presidente Trump, não toleraremos que a Colômbia trafique drogas para o nosso país e envenene americanos”, diz a nota do órgão do governo norte-americano.

A decisão intensifica a crise diplomática entre Washington e Bogotá, que vem se agravando desde o início da mobilização militar americana no Caribe. Petro reagiu imediatamente nas redes sociais, classificando a ação como “paradoxal”.

“Eu, meus filhos e minha esposa entramos na lista OFAC [Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA]. Lutar contra o narcotráfico durante décadas e com eficácia me traz esta medida do governo da sociedade que tanto ajudamos a combater o consumo de cocaína. Um grande paradoxo, mas nem um passo para trás e nunca de joelhos”, escreveu.

O presidente colombiano sugeriu que as sanções têm caráter político e se relacionam a suas críticas ao governo Trump. Na quinta-feira (23), um dia antes da decisão, Petro havia acusado os Estados Unidos de cometer “execuções extrajudiciais” nos bombardeios realizados no Caribe e no Pacífico contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas.

Segundo ele, as operações americanas violam o direito internacional e fazem uso “desproporcional da força”. Desde 2 de setembro, Washington afirma ter destruído nove barcos ligados ao narcotráfico, com 37 mortos — um deles, segundo a Colômbia, seria um pescador local.

Durante coletiva em Bogotá, o presidente colombiano disse que os EUA “transformaram o Caribe em uma zona de guerra” e denunciou a presença crescente de navios e mísseis americanos próximos às águas colombianas. “Um pescador de Santa Marta foi assassinado em seu barco. Isso é um insulto à Colômbia”, afirmou.

Ele também acusou Washington de remover o país da lista de aliados na luta antidrogas e de revogar vistos diplomáticos. As tensões se agravaram após o presidente Donald Trump acusar Petro de ser um “líder do narcotráfico” e “meliante”.

O colombiano respondeu dizendo que Trump “caluniou e insultou a Colômbia”, e que as declarações do americano “comprometem a relação histórica entre os dois países”. O clima de hostilidade entre os governos é o mais tenso em décadas.

O conflito verbal ocorre em paralelo à escalada militar. A Casa Branca enviou navios de guerra, jatos e um submarino ao Caribe sob o argumento de combater “organizações criminosas transnacionais”. As operações, no entanto, têm sido condenadas por diversos governos latino-americanos, que veem nelas uma tentativa de intervenção na região.

Um grupo independente ligado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU também criticou as ações americanas, afirmando que “o uso de força letal em águas internacionais sem base legal adequada viola o direito internacional do mar e equivale a execuções extrajudiciais”.

O comunicado alerta que qualquer operação militar direta contra um Estado soberano “configuraria uma violação grave da Carta das Nações Unidas”. No início de setembro, a Procuradoria da Venezuela já havia pedido formalmente que a ONU investigasse os ataques a barcos no Caribe. A medida ampliou o isolamento dos Estados Unidos, que agora enfrentam críticas simultâneas de Caracas e Bogotá.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.