MEC: Ex-assessor de Milton Ribeiro ignora investigação e falta a 4 depoimentos

Atualizado em 28 de junho de 2022 às 6:45
Odimar Barreto
Odimar Barreto, ex-assessor especial de Milton Ribeiro
Foto por: Reprodução

Odimar Barreto dos Santos, ex-assessor especial de Milton Ribeiro, amigo e braço direito do ex-ministro da Educação, faltou a quatro convocações da CGU (Controladoria-Geral da União) no âmbito da investigação sobre o balcão de negócios que operava no ministério. Ele era importante elo de Ribeiro com os pastores que negociavam verbas federais para prefeituras mesmo sem cargos no governo.

Ex-major da Polícia Militar, Odimar Barreto tem relações muito próximas com Ribeiro, inclusive familiares. Ele é pastor auxiliar na mesma igreja comandada por Ribeiro em Santos (SP). O ex-assessor se apresenta como pré-candidato a deputado nas redes sociais. Ele publicou foto em 28 de maio com o pré-candidato ao Governo de São Paulo pelo Republicanos, Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista recente a um podcast, ele falou sobre sua candidatura e disse ter proximidade com Bolsonaro e outros ministros

Odimar foi levado ao MEC por Ribeiro. Foi nomeado em 4 de agosto de 2020, menos de um mês depois da chegada do então ministro. Ambos têm grande proximidade, inclusive com relações familiares. Uma das filhas de Odimar vai se casar em breve com um sobrinho de Ribeiro. Foi o próprio Milton Ribeiro quem casou outra filha de Odimar, também com um familiar do ex-ministro.

Segundo servidores do MEC, o próprio Milton Ribeiro designou Odimar para atender os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos e que ele se reunia com ambo frequentemente na pasta. Ele também foi designado pelo ministro a trabalhar em dupla com Luciano de Freitas Musse. O também ex-assessor do MEC fazia parte da comitiva dos pastores antes de ser nomeado — Musse recebeu R$ 20 mil de um empresário nas tratativas para realização de um evento com Ribeiro no interior paulista.

Em março, Odimar Barreto era uma das pessoas do MEC que frequentava o hotel usado como QG pelos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos nas tratativas com gestores. Os pastores hospedaram-se 64 vezes, sendo que em dez delas Arilton estava no local ao mesmo tempo que Luciano Musse, como revelou a Folha. Prefeitos e assessores relataram que Odimar Barreto distribuía cartões com logotipo do MEC com contatos pessoais de telefone e email.

A CGU aponta que a atuação de Odimar é uma das linhas investigativas, mas não foi aprofundada até a finalização do relatório. “Evidências indicam que possivelmente tratar-se-ia de pessoa de confiança do ex-ministro Milton Ribeiro, destacada para auxiliar os pastores em suas demandas no âmbito do MEC”, diz o relatório da CGU.

As investigações sobre Odimar não teriam sido aprofundadas porque, segundo o documento do órgão, ele faltou a quatro depoimentos agendados para os dias 14 e 29 de abril e 5 e 13 de maio. A CGU não recebeu qualquer justificativa. MEC e Odimar foram procurados, mas não responderam.

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