
A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo denunciou por peculato e organização criminosa o perito Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no STF, e outras 13 pessoas, entre elas o juiz Peter Eckschmiedt, do TJ-SP. Segundo o MP-SP, o grupo montou um esquema para desviar valores sob posse indireta do magistrado na 2ª Vara Cível de Itapevi (SP), vinculados a heranças não partilhadas e a bens de idosos incapazes. Com informações da Folha de S.Paulo.
De acordo com a investigação, Eckschmiedt determinava bloqueios de bens com base em ações de cobrança geradas a partir de títulos falsificados, com posterior transferência dos recursos a integrantes do grupo. A denúncia descreve três casos, ocorridos em 2023, em que houve tentativa de desvio. Em janeiro de 2024, com a substituição temporária do juiz, o Ministério Público foi acionado e comunicou os fatos à Polícia Civil.
A Procuradoria afirma que Tagliaferro era “amigo íntimo” do juiz, com “acurado conhecimento de informática”, e teria sido chamado para orientar Eckschmiedt e outro servidor a apagar possíveis provas de seus celulares. Um dos investigados, porém, enviou à Corregedoria-Geral de Justiça mensagens que “desnudavam o modus operandi da organização criminosa”, o que contribuiu para o avanço das apurações, segundo a peça.

Ainda conforme a denúncia, Tagliaferro sugeriu buscar elementos para tentar invalidar o material como prova, alegando possibilidade de edição das mensagens, e recomendou a troca do aparelho celular. Em agosto de 2024, o MP-SP e a Polícia Militar cumpriram operação na casa do juiz e apreenderam R$ 1,7 milhão em cédulas em um sótão.
A denúncia é datada de 8 de agosto de 2025 e assinada pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, e pelo procurador Sérgio Turra Sobrane. O processo tramita em segredo de Justiça. Os advogados Paulo Hamilton Siqueira Junior e Paulo Herschander, que defendem Eckschmiedt, informaram que só vão se manifestar nos autos. “Por ora, [o juiz] nega veementemente os fatos que lhe foram imputados”, afirmaram.
Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE na gestão de Moraes. Em 2 de setembro de 2025, ele participou de audiência no Senado e acusou o ex-chefe de forjar relatórios em 2022; também disse que houve perseguição a políticos de direita e restrições à liberdade de expressão.
Em nota após a audiência, Moraes negou irregularidades e declarou que as medidas foram oficiais e comunicadas à PGR.