Ex-assessor rasgou comprovantes fraudados de Bolsonaro, diz Cid

Atualizado em 19 de março de 2024 às 12:51
Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro. Foto: reprodução

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, revelou que o coronel da reserva Marcelo Câmara, então assessor da Presidência, foi responsável por rasgar os certificados falsos de vacinação do ex-presidente e de sua filha, Laura Bolsonaro.

Além de destruir os documentos falsificados, Câmara ordenou a Cid que desfizesse as inserções dos dados adulterados nos sistemas ao saber que poderiam ser investigados pelo crime. Para cumprir essa ordem, o ex-ajudante de ordens procurou Ailton Barros na tentativa de excluir as informações falsas das carteiras de vacinação.

Essas revelações ocorrem no contexto do indiciamento de Bolsonaro, Mauro Cid e do deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ) pela Polícia Federal.

Cid também afirmou que emitiu certificados falsos de vacinação contra a Covid-19 em nome de Bolsonaro e de  Laura, por ordem direta do então presidente. Para a PF, Bolsonaro agiu com “consciência e vontade” para fraudar os dados do Sistema Único de Saúde.

Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Essas informações foram incluídas pela Polícia Federal em um relatório que embasou o indiciamento do ex-presidente, Cid e mais 15 pessoas por suspeita de fraude nos cartões de vacina.

O relator do inquérito, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu retirar o sigilo desse relatório, revelando detalhes importantes sobre o caso. Trechos do depoimento de Cid indicam que a solicitação para produzir os certificados partiu diretamente de Bolsonaro.

Ao todo, a Polícia Federal indiciou 15 pessoas, além do ex-presidente, no caso da fraude nas informações de vacinação no Sistema Único de Saúde. Veja quem são:

  • Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
  • Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
  • Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
  • Eduardo Crespo Alves, militar;
  • Paulo Sérgio da Costa Ferreira
  • Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
  • Marcelo Fernandes Holanda;
  • Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
  • João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
  • Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
  • Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
  • Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;
  • Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
  • Célia Serrano da Silva.
Bolsonaro com dificuldade para colocar a máscara. Foto: reprodução

A operação

As ações são fruto de uma operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2023, dentro do inquérito das milícias digitais.

De acordo com as investigações, um grupo ligado ao ex-mandatário brasileiro realizou a inserção de informações fraudulentas acerca de dados da vacinação contra Covid-19 no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas. Após isso, retirou as mesmas informações do sistema.

Vale destacar que a PF identificou que os dados falsos foram inseridos poucos dias antes de Bolsonaro viajar aos EUA, em dezembro de 2022 – último mês de mandato como presidente.

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