Ex-comandante do Exército avisou Bolsonaro e ministro da Defesa que não endossaria golpe

Atualizado em 5 de março de 2024 às 7:03
Bolsonaro e Freire Gomes. Foto: reprodução

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que se opôs aos planos golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O depoimento, ocorrido na última sexta-feira (1), teve duração de quase oito horas e permanece em sigilo.

Durante o depoimento, o general destacou sua oposição a qualquer ação que pudesse impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tanto em discussões reservadas com Bolsonaro quanto no Ministério da Defesa, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Além disso, o ex-comandante do Exército detalhou uma reunião na qual foi discutida a minuta do golpe, mencionada na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que colaborou com a PF.

Embora o conteúdo completo do depoimento permaneça em sigilo, espera-se que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), divulgue seu inteiro teor em breve, de acordo com a expectativa dos investigadores.

Freire Gomes prestou depoimento como testemunha e sua colaboração no aprofundamento da investigação é considerada pelos membros da PF como uma postura colaborativa que afasta o risco de acusações de prevaricação, buscadas por militares bolsonaristas em retaliação ao general.

Freire Gomes afirmou à PF que se opôs a Bolsonaro e ao Ministério da Defesa sobre golpe
Bolsonaro e Freire Gomes. Foto: reprodução

Vale destacar que ele foi o último dos ex-comandantes a prestar depoimento à corporação após a operação Tempus Veritatis, que expôs evidências da participação de Bolsonaro, ex-ministros e oficiais das Forças Armadas em uma tentativa de golpe de Estado.

O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, também depôs recentemente, confirmando sua presença na reunião na qual foi discutida a minuta golpista.

Diálogos captados pela PF e expostos no relatório que embasou a operação Tempus Veritatis mostram alvos como Mauro Cid e o candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto, atacando Freire Gomes e Baptista Júnior por discordarem das iniciativas golpistas discutidas no entorno do ex-capitão.

Num desses diálogos, Braga Netto criticou Freire Gomes por rejeitar o plano golpista, chamando-o de “cagão” e sugerindo sua demissão. “Oferece a cabeça dele”, escreveu Braga Netto sobre o general, em mensagem endereçada a Ailton Barros, ex-militar que foi candidato a deputado estadual pelo PL.

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