Ex-deputado TH Joias converteu milhões em dólares para traficante Pezão, aponta PF

Atualizado em 6 de setembro de 2025 às 16:24
TH Joias deitado numa cama com maços de reais; PF suspeita que que valor seja de R$ 5 milhões — Foto: Reprodução

A Polícia Federal e o Coaf identificaram que o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, movimentou cerca de R$ 140 milhões em cinco anos em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo a investigação, o ex-parlamentar utilizava operações de câmbio, empresas de fachada e laranjas para dissimular os valores ilícitos. Ele foi preso na última quarta-feira (3).

Entre as provas reunidas, está uma foto em que TH aparece deitado em uma cama coberta por notas de real, estimadas em R$ 5 milhões. Para os investigadores, o dinheiro pertencia ao traficante Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, foragido há mais de dez anos. Documentos apontam que, entre abril e maio de 2024, TH converteu cerca de R$ 9 milhões em espécie para dólares, entregando a Pezão US$ 1,7 milhão.

As operações eram articuladas com Gabriel Dias de Oliveira, o Índio, e Eduardo, o Dudu, ambos apontados como operadores do esquema. Em um dos episódios, registrado em abril de 2024, TH recebeu R$ 5 milhões na casa de Índio e iniciou a conversão em etapas, devolvendo posteriormente US$ 1 milhão ao traficante. No mês seguinte, Pezão entregou outros R$ 4 milhões e recebeu de volta US$ 750 mil, enquanto investigadores acreditam que TH embolsava parte da diferença das taxas.

A PF afirma que o grupo usava grandes quantias em espécie justamente para evitar o rastreamento do sistema bancário. Além disso, há registros de que Pezão recebeu valores para aquisição de armas, como bazucas antidrones. O uso constante de dinheiro vivo, segundo a polícia, reforça a tentativa de ocultação da origem criminosa dos recursos.

TH Joias na época da sua prisão, em 2017, e as joias apreendidas na ocasião — Foto: Reprodução

Em nota, a defesa de TH Joias classificou as acusações como “absurdas” e afirmou que as imagens com maços de dinheiro teriam caráter de “cenografia”, vinculada ao público de sua joalheria, formado por jogadores de futebol, artistas de rap e funk. A defesa alega perseguição política contra o ex-parlamentar e disse confiar em sua absolvição. Já os advogados de Índio e Dudu não foram localizados.

O caso se soma a outras descobertas da PF envolvendo encomendas de joias de alto valor feitas por chefes do crime organizado. A investigação sobre TH Joias revela como o crime organizado tem usado políticos e empresários para movimentar fortunas fora do sistema financeiro oficial, ampliando o poder econômico das facções. As informações do g1.