
O ex-secretário assistente para o Financiamento do Terrorismo do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, Marshall Billingslea, afirmou que o regime de Nicolás Maduro usou recursos ilícitos para financiar campanhas políticas de esquerda na América Latina, incluindo o Brasil.
A declaração foi feita na segunda-feira (21) durante audiência do Comitê do Senado sobre Controle Internacional de Narcóticos, em Washington. Segundo Billingslea, a Venezuela se tornou “um centro de articulação política regional” voltado a sustentar governos aliados.
“O regime que espalhou o socialismo na América Latina é o venezuelano. É o dinheiro sujo e corrupto da Venezuela que financiou a campanha de [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia]. Eles canalizaram dinheiro para o México e o Brasil. Com a democracia na Venezuela, acaba o dinheiro para campanhas socialistas na região, receitas de petróleo para Cuba e apoio à Nicarágua”, afirmou o ex-funcionário do Tesouro.
Durante seu depoimento, Billingslea também acusou o regime chavista de abrigar o grupo Hezbollah, apontando a Venezuela como um “refúgio disposto” para atividades ilegais. Segundo ele, o país oferece “acesso a documentos falsificados, rotas de tráfico de drogas e rotas para o Hemisfério Ocidental”.
O ex-secretário acrescentou ainda que “com sua infraestrutura libanesa em ruínas e o financiamento iraniano incerto, o Hezbollah fará uma guinada decisiva para a América Latina, em especial para o tráfico de drogas”. As declarações ocorrem no contexto de novas suspeitas sobre o uso de recursos da estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) para financiar partidos e líderes de esquerda na região.
Na semana anterior, o site UHN Plus divulgou que Hugo “El Pollo” Carvajal, ex-chefe da inteligência venezuelana, relatou ao Departamento de Justiça dos EUA um suposto esquema de repasses de fundos da petroleira para campanhas políticas em outros países.
Carvajal, extraditado para os Estados Unidos em 2023, teria descrito em detalhes como o governo venezuelano, nos períodos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, movimentou valores por meio de intermediários e empresas estatais. O dinheiro, segundo ele, teria sido usado para apoiar líderes e partidos de esquerda em diferentes países da América Latina.
De acordo com o depoimento, os beneficiários desses recursos incluiriam figuras como Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Néstor Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Ollanta Humala (Peru), Manuel Zelaya (Honduras) e Gustavo Petro (Colômbia). As informações ainda não foram confirmadas oficialmente pelas autoridades norte-americanas.
O Departamento de Justiça dos EUA não comentou o teor do depoimento de Carvajal, que cumpre acordo de colaboração em troca de redução de pena. O governo venezuelano tampouco respondeu às acusações feitas por Billingslea no Senado, e a PDVSA não se pronunciou sobre as supostas transferências.