
Um dia após o afastamento do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), o principal coadjuvante de seus vídeos virais nas redes sociais, Guilherme Juliano Salinas, foi exonerado do cargo que ocupava na administração municipal. Conhecido por participar de gravações humorísticas ao lado do chefe do Executivo, Salinas era chefe de gabinete da Secretaria de Governo e recebia salário de aproximadamente R$ 16 mil.
A demissão foi uma das primeiras medidas do novo prefeito interino, Fernando Martins (PSD), que assumiu o comando da prefeitura na última sexta-feira (7), um dia depois de a Justiça Federal determinar o afastamento de Manga por suspeitas de corrupção.
Salinas, ex-namorado da filha do prefeito, se tornou presença constante nos vídeos produzidos pela equipe de comunicação de Manga, especialmente no TikTok e no Instagram. Os conteúdos, que somavam milhões de visualizações, seguiam um formato característico: encenações exageradas e frases de impacto, seguidas de anúncios de ações da prefeitura.
Em um dos vídeos mais recentes, que viralizou na semana anterior ao afastamento, Salinas aparece simulando uma briga com o prefeito, que reage a críticas pela falta de medicamentos nos postos de saúde.
@rodrigomangaoficialTEM QUE B4T3R NESSE PREFEITO!♬ Piseiro de Carolina – Dance Comercial Music
Na cena, Manga aparece irritado com os comentários e anuncia que a prefeitura vai pagar farmácias particulares para fornecer remédios à população quando houver desabastecimento na rede pública. A gravação, porém, foi recebida com críticas nas redes e rendeu acusações de populismo e desinformação.
A polêmica cresceu porque o Ministério Público já investigava o governo municipal por suspeita de superfaturamento na compra de medicamentos. Segundo a denúncia, a prefeitura teria adquirido remédios com preços até 950% acima dos valores de mercado, de uma empresa cujo proprietário foi condenado anteriormente por falsificação de produtos usados no tratamento de câncer.
O afastamento de Manga foi determinado na quinta-feira (6) pela Justiça Federal, no âmbito da segunda fase da Operação Copia e Cola, conduzida pela Polícia Federal.
A investigação aponta que a prefeitura utilizava nomes de pacientes inexistentes em relatórios para justificar repasses de recursos públicos a uma entidade contratada pelo município. O Ministério Público Federal (MPF) e a PF afirmam que o prefeito era o líder de uma organização criminosa instalada dentro da administração.
Na mesma operação, foram presos um amigo de infância do prefeito e seu cocunhado, o bispo Josivaldo Batista, apontado pela PF como responsável por movimentar dinheiro desviado em nome de uma igreja e de empresas de fachada.
Mesmo afastado, Manga manteve presença nas redes sociais e viu seus números crescerem. Em 36 horas, o prefeito ganhou cerca de 25 mil novos seguidores no Instagram, onde já acumula mais de 3,8 milhões de fãs. No TikTok, sua conta soma 3,3 milhões de seguidores.