Ex-secretário desmente governo sobre desvio de R$ 7,5 milhões para ação de Michelle Bolsonaro

Atualizado em 5 de outubro de 2020 às 18:10
Bolsonaro e Michelle.
Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Publicado originalmente no jornal GGN

Ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira disse que o Ministério da Saúde precisava, sim, dos R$ 7,5 milhões que a empresa Marfrig se dispôs a doar exclusivamente para a compra de testes diagnósticos de covid-19.

Folha de S. Paulo revelou que o dinheiro entrou no caixa da Fundação Banco do Brasil e foi repassado não para a Saúde, como pensou a Marfrig, mas para o programa Pátria Voluntária, coordenado por Michelle Bolsonaro.

Michelle, por sua vez, recebeu sugestões de Damares Alves para repassar os recursos a instituições missionárias evangélicas que escolheram pessoas para receber cestas básicas durante a pandemia do novo coronavírus.

Após a repercussão, o PCdoB anunciou representação contra Bolsonaro junto ao Ministério Público de Contas, por desvio de finalidade. O governo então disse à imprensa que foi o Ministério da Saúde que abriu mão da verba, dizendo que não precisava mais.

“Claro que precisava. Lançamos o Diagnostica Brasil em 6 de maio”, afirmou o ex-secretário, fazendo alusão ao programa de testagens da pasta.

Conforme o GGN já mostrou, uma estratégia nacional de testagem em massa era essencial para romper com as cadeias de disseminação do coronavírus e fazer a pandemia refrear.

A Marfrig afirmou que só soube que o dinheiro seria desviado para o programa de Michelle depois que fez o depósito na conta da Fundação.

A empresa concordou com o uso para aquisição de kits de alimentação e higiene, porque entendeu que as doações era uma forma de mitigar os danos da pandemia sobre a população mais vulnerável.