
O empresário Fernando Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, admitiu à CPI do INSS nesta segunda-feira (6) que presenteou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), com um Fusca raro, avaliado em R$ 70 mil. O veículo, um modelo 1974, foi dado como presente de aniversário, conforme informações do Estadão.
“Ibaneis é um amigo, um excelente gestor, uma pessoa que tem minha total deferência e respeito. Eu tenho muita tranquilidade e muito prazer em ter dado esse Fusca para ele”, disse Cavalcanti.
“Estávamos em um almoço e ele contou que, na juventude, teve um Fusca, e eu fui atrás para saber o ano do carro para comprar um igual e dar de presente, porque estava chegando o aniversário dele e eu não sabia o que dar.”
Procurado, Ibaneis confirmou ter recebido o veículo. “Não temos negócios em comum. O Fusca foi dado de presente este ano e será declarado no meu imposto de renda no ano que vem. Além disso, Fernando não mantém negócios com o Governo do Distrito Federal”, afirmou o governador.

Operação e suspeitas de lavagem de dinheiro
Em setembro, Cavalcanti teve bens apreendidos pela polícia — entre eles, uma réplica de carro de Fórmula 1 e relógios avaliados em até R$ 1,3 milhão. O escritório de Nelson Wilians, do qual ele era sócio, está sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro em um esquema de descontos indevidos em aposentadorias.
Cavalcanti negou envolvimento em qualquer irregularidade. “Deixo registrado que nunca fui laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor, e os pagamentos por mim recebidos eram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava”, declarou.
O empresário confirmou ter conhecimento da relação de Wilians com Maurício Camisotti, apontado como operador do esquema. Segundo ele, Camisotti emprestava dinheiro ao advogado para resolver problemas financeiros do escritório.
“O escritório, em 2017, era completamente desgovernado e realmente tinha problemas de gestão. Acontece que o escritório começou a tirar dinheiro emprestado do Maurício”, relatou.
O relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que os empréstimos somam 60 parcelas de R$ 1 milhão. Cavalcanti informou que rompeu a sociedade com Nelson Wilians em maio, citando problemas de saúde.
“Passei por depressão durante um período em que lá estive. Após a saída, não tive mais qualquer participação ou ingerência nas atividades dos escritórios conduzidas pelo doutor Nelson”, concluiu.