Exclusivo: Mírian Dutra marca depoimento à Polícia Federal em inquérito sobre FHC. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 22 de março de 2016 às 18:27
O prédio em Barcelona onde FHC comprou apartamento para o filho Tomás
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Já tem data marcada o depoimento da jornalista Mírian Dutra à Polícia Federal. Será no dia 7 de abril, às 10 horas. Mírian mora em Madri, mas preferiu depor em São Paulo, na presença de seu advogado, José Diogo Bastos.

Na declaração que me deu, depois que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a citou numa entrevista ao Estadão, Mírian disse: “Estou esperando essa solicitação da Polícia Federal para depor e contar o que realmente acontecia. O senhor Fernando Henrique Cardoso não pode esquecer que tenho todos os recibos, e tenho os contratos comigo. Não se iluda.”

Mírian recebeu ontem de manhã o telefonema de um escrivão da Polícia Federal em Brasília, e hoje um adido da PF em Madri ligou novamente, para dizer que ela poderia depor na capital espanhola, se quisesse. Seu advogado retornou o contato da Polícia Federal em Brasília e marcou a data do depoimento, que será em São Paulo.

Mírian vai depor como testemunha, num inquérito que tem como alvo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A investigação foi aberta depois que a Folha de S. Paulo publicou a cópia do contrato que Mírian Dutra assinou com a Brasif quando Fernando Henrique Cardoso ainda era presidente da República e ela trabalhava na TV Globo.

“Eu nunca trabalhei para a Brasif. O que aconteceu na época é que a TV Globo cortou 40 por cento do meu salário, e o Fernando Henrique arrumou esse contrato para complementar minha renda”, disse Mírian Dutra.

Eram 3 mil dólares por mês, depositados na conta da jornalista Mírian Dutra. Em 2009, sem que Mírian soubesse, Fernando Henrique divulgou à imprensa que tinha reconhecido a paternidade de Tomás,  então com 18 anos, num cartório da Espanha. Em 2011, também sem que Mírian soubesse, ele disse ter feito exame de DNA e descoberto que o filho não era dele.

Em 2014, o advogado de Mírian notificou duas vezes Fernando Henrique Cardoso para que apresentasse os documentos de reconhecimento de paternidade e o resultado do DNA. O ex-presidente não respondeu às notificações, e alguns meses depois comprou para Tomás um apartamento em Barcelona. Pagou em dinheiro: 200 mil euros.

O caso Brasif chamou a atenção da PF porque a empresa era concessionária do governo federal. Controlava as lojas duty free dos aeroportos brasileiros, e seu proprietário recebeu pelo menos onze concessões de TV durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, em sociedade com Alberico de Souza Cruz, que foi diretor de jornalismo da Rede Globo e chefe de Mírian quando ela decidiu se mudar para a Europa, e acabou contratada por uma TV de Roberto Marinho em Portugal.

Além disso, remessas de dinheiro através de contratos fraudulentos indicam a existência de lavagem de dinheiro. É o que a Polícia Federal, em tese, deve apurar.

 

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