Exército desafia Lula e diz que manterá sigilo sobre processo contra Pazuello

Atualizado em 3 de janeiro de 2023 às 16:33
Eduardo Pazuello e Jair Bolsonaro em ato político em maio de 2021
Foto: STRINGER (REUTERS)

O Exército decidiu desafiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter em sigilo o processo que apurou a participação do general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL) num ato político ao lado de Jair Bolsonaro (PL), em maio de 2021, sem a autorização do comandante da Força.

A manifestação ocorreu no Aterro do Flamengo no Rio de Janeiro. Na época, Bolsonaro criticou o uso de máscara e ainda disse que “seu Exército” jamais iria obrigar as pessoas a ficarem em casa durante a pandemia.

Durante o governo Bolsonaro, a Força impôs 100 anos de sigilo no caso da participação de Pazuello no ato, alegando que os documentos tratam apenas da vida privada do general.

Na segunda-feira (2), Lula determinou que a Controladoria Geral da União (CGU) revise os sigilos irregularmente determinados pelo seu antecessor. Entre os casos a serem analisados está o de Pazuello.

Segundo o Estadão, foram apresentados pelo jornal ao Exército um pedido com base na Lei de Acesso à Informação (LAI) no início de dezembro de 2022, com Pazuello já na reserva e eleito deputado federal. Em 2021 também foram feitas outras tentativas para ter acesso aos documentos, mas todas foram negadas.

O novo requerimento foi rejeitado duas vezes em um intervalo de menos de 15 dias. No dia 26 de dezembro, foi feito um terceiro. O caso teria que ser examinado pelo comandante do Exército.

Quatro dias depois da última tentativa, tomou posse no posto o general Júlio Cesar de Arruda, o escolhido por Lula para o cargo e que assumiu a Força antes mesmo da posse do petista.

Ontem, já com Lula no seu primeiro dia útil de governo, o Comando fez uma análise e manteve a decisão do sigilo de 100 anos sobre o caso de Pazuello.

A decisão de manter o segredo foi assinada pelo coronel Emílio Ribeiro, subchefe do gabinete do Comandante. O oficial se limitou a dizer que ratificava as decisões anteriores e que elas estavam “em conformidade” com a Lei de Acesso.

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