O Exército brasileiro gasta mais com o pagamento de pensão a viúvas de altos oficiais e herdeiros do que com todos os cabos e soldados da ativa somados. Com informações de José Roberto de Toledo, colunista do Uol.
De acordo com o colunista, para cada general de farda, há 24 generais aposentados ou na reserva e 48 herdeiros recebendo pensões integrais. A prática gera um efeito cascata com o aumento exponencial de custo.
A reportagem revelou ainda que o Brasil tem, proporcionalmente, mais generais na ativa do que o exército dos EUA, considerado o mais poderoso do mundo.
Ambos exércitos possuem 175 generais, entretanto, um general brasileiro comanda, em média, quase a metade de soldados que um general estadunidense.
O gasto apenas com aposentadoria e pensões de militares ultrapassa os R$ 3,7 bilhões. Somadas aos salários dos generais da ativa, em torno de R$ 100 milhões ao ano, o custo das aposentadorias de generais e pagamento de pensões integrais a seus herdeiros chegaram a quase R$ 3,8 bilhões só em 2022. O número corresponde ao que o governo gastou para pagar todos os 90 mil soldados e cabos da ativa no ano. Ou 40 vezes mais do que usou para arcar com 175 generais que ainda vestem farda.
No caso dos herdeiros de militares, foram gastos cerca de R$ 94 bilhões nos últimos quatro anos, considerando todas as patentes.
Ainda de acordo com Toledo, a maior parte do dinheiro utilizado para cubrir tais gastos é oriundo do Tesouro.
Boa parte das pensões começaram a ser pagas em 1939 a sobreviventes da Guerra do Paraguai e suas viúvas. Em 2001 o governo cortou o benefício, mas só para quem entrou nas Forças Armadas a partir daquele ano. Uma projeção do Ministério da Defesa a partir da expectativa média de vida das viúvas e herdeiros estima que o contribuinte pagará a conta até o ano de 2096.