Exército já gastou R$ 87,5 milhões com o fornecedor do software da Abin paralela

Os desdobramentos da Operação Vigilância Aproximada, que investiga possíveis usos políticos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), revelaram mais informações sobre o uso do programa espião conhecido como FirstMile.

Embora o enfoque esteja na utilização do programa pela Abin, dados do Portal da Transparência destacam que o Exército é o principal cliente brasileiro da Cognyte, a empresa israelense proprietária do FirstMile.

Desde 2014, durante o governo de Dilma Rousseff, o comando do Exército tem realizado repasses significativos à empresa israelense para adquirir tecnologias de segurança. Durante o governo de Michel Temer (2016-2018), a Verint Systems Ltd, agora Cognyte Technologies Israel Ltd, aumentou seu faturamento no Brasil em 23 vezes.

Os números revelam um salto notável no faturamento da empresa israelense, de R$ 2,6 milhões em 2014 para R$ 60,8 milhões durante o período de maio de 2016 a dezembro de 2018, com contratos firmados pelo Exército, Abin, Polícia Rodoviária Federal e Ministério da Justiça. Sob o governo atual, a empresa já recebeu R$ 11,6 milhões, sendo o Exército e a Aeronáutica os principais clientes.

Esses valores abrangem aquisições de equipamentos e tecnologias relacionadas à vigilância, monitoramento e espionagem, além de contratos de manutenção, treinamento e serviços correlatos. A Abin representa apenas 11,5% do total de R$ 127,6 milhões gastos, enquanto o Exército é responsável por 65%, desembolsando R$ 87,5 milhões.

Um destaque adicional é o montante gasto pela Polícia Rodoviária Federal, liderada anteriormente por Silvinei Vasques, atualmente detido por interferência na eleição de 2022. A PRF foi responsável por 14,4% dos pagamentos, ultrapassando inclusive os valores destinados à Abin.

No Brasil, a representação da empresa israelense é conduzida pela Cognyte Brasil SA, localizada no centro de Florianópolis, capital de Santa Catarina.

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