Exército muda golpistas “kids pretos” de cidade e tira poder do grupo militar

Atualizado em 23 de julho de 2025 às 13:28
Militares “kids pretos” em treinamento. Foto: reprodução

O Exército Brasileiro publicou no último dia 10 uma portaria que altera a estrutura organizacional do Comando de Operações Especiais (COpEsp), transferindo o controle do Batalhão de Operações Psicológicas, unidade onde atuam os militares golpistas conhecidos como “kids pretos”, para o Comando Militar do Planalto. A medida, assinada pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, implica na mudança física da unidade de Goiânia para Brasília.

Fontes militares ouvidas pelo Uol afirmam que a reestruturação tem como objetivo fazer com que o Batalhão de Operações Psicológicas passe a ser utilizado de forma mais ampla pela Força, deixando de ficar restrito ao COpEsp.

Os “kids pretos”, conhecidos por seu treinamento em ações de sabotagem e insurgência popular (as chamadas “operações de guerra irregular”), ficaram conhecidos nacionalmente durante as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O grupo, que tem como lema “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira”, contou com pelo menos 26 integrantes atuando no governo Bolsonaro, incluindo os ex-ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil) e Eduardo Pazuello (Saúde), além do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid. O próprio Bolsonaro nutria admiração pela unidade desde seus tempos como militar.

Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro e formado como Kid Preto. Foto: reprodução

A cúpula militar mantém a estratégia de acompanhar com “calma” e “serenidade” os desdobramentos judiciais envolvendo Bolsonaro e outros militares, buscando “separar CPFs da instituição” e “virar a página” dos episódios recentes. Embora reconheçam o desgaste de imagem, oficiais do Alto Comando afirmam que pesquisas internas indicam recuperação na avaliação da instituição junto à população.

“Não vamos dar exposição e nem ouvidos a esses malucos”, declarou uma fonte de alta patente sobre parlamentares que ainda defendem discursos de intervenção militar. A orientação dentro dos quartéis é ignorar solenemente quaisquer iniciativas individuais nesse sentido.

A reestruturação do COpEsp ocorre em um momento delicado para as Forças Armadas, que buscam se distanciar da imagem de envolvimento com projetos golpistas enquanto mantêm sua tradição e capacitação operacional.