Exército omitiu do STF nomes de militares, advogada e policiais que visitaram Cid na prisão

Atualizado em 7 de novembro de 2023 às 12:19
O tenente-coronel Mauro Cid. Foto: reprodução

O Exército omitiu do Supremo Tribunal Federal (STF) os nomes de dez pessoas que visitaram o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, na prisão. A informação foi divulgada pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.

Entre esses indivíduos, está Fabiano da Silva Carvalho, um major do Exército apontado pela Polícia Federal (PF) em um inquérito em curso no próprio STF como responsável por elaborar um “guia” para viabilizar um golpe de Estado no final de 2022.

Além disso, outros seis militares, uma advogada e dois policiais federais também não aparecem na lista fornecida ao STF por ordem do ministro Alexandre de Moraes. O livro de visitas registra datas e horários de entrada e saída dos visitantes de Cid, todos obrigados a assinar o registro.

Mauro Cid foi detido no início de maio, no âmbito das investigações sobre a fraude nos cartões de vacina do ex-presidente Bolsonaro e de familiares. O batalhão no qual ele ficou preso é comandado pelo tenente-coronel Bruno Fett, que mantém uma relação de amizade com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O major Fabiano Carvalho visitou Cid em 21 de maio, em um encontro que durou cerca de meia hora. Ele foi mencionado em conversas interceptadas pela PF sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Nas mensagens, a corporação encontrou um e-mail com respostas do jurista Ives Gandra Martins a perguntas de Carvalho.

Rotina de Mauro Cid na prisão tem corrida, banho de sol e escolta armada; veja fotos
Mauro Cid corre durante banho de sol no Quartel da Polícia do Exército, em Brasília — Foto: Cristiano Mariz/O GLOBO

O major perguntava quais situações poderiam justificar o uso das Forças Armadas “na garantia dos poderes constitucionais”. O jurista respondeu, citando o artigo 142 da Constituição Federal.

O artigo estabelece que “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Outro militar que visitou Cid é o major Ernesto Luiz Dalla Lana Bohrer Junior, que chegou a ser nomeado representante do Exército no Estado-Maior durante o governo Bolsonaro. No livro, o nome de Ernesto aparece ao lado do da prima de Cid, Monique Cid Bohrer, nos dias 7 e 14 de maio. Ele é identificado no registro como “amigo” do militar.

Os outros militares omitidos pelo Exército na relação de visitas a Mauro Cid são o coronel Ricardo Antonio de Lima Silva, os tenentes-coronéis Eric Torreiro de Carvalho Lessa e Alberto Danúbio Manfra Junior, e o 1º sargento Fábio Pereira das Chagas, todos em atividade. Também houve a visita do coronel da reserva Julio César Cosmelli Cintra.

A advogada Raíssa Frida Roriz Ribeiro, sócia do escritório que defendia Mauro Cid, também não apareceu na lista enviada pelo Exército ao STF. Ela costumava acompanhar o advogado Bernardo Fenelon, que deixou a defesa do tenente-coronel em agosto.

Além disso, no dia 12 de maio, Cid recebeu a visita de dois agentes da PF, os escrivães Daniel Barroso de Carvalho e Helder Aguiar Saboya, que estiveram com o tenente-coronel por 13 minutos, das 9h29 às 9h42. Os nomes dos policiais também não foram incluídos na lista.

Confira os nomes omitidos pelo Exército ao STF:

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Nomes omitidos pelo Exército ao STF. Foto: reprodução
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Nome omitido pelo Exército ao STF. Foto: reprodução
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Nome omitido pelo Exército ao STF. Foto: reprodução
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Nomes omitidos pelo Exército ao STF. Foto: reprodução

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