
Representantes do setor de carne bovina brasileiro classificaram como “caótica” a situação após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. Os EUA são o segundo principal destino da carne bovina brasileira, atrás apenas da China, respondendo por cerca de 14% da receita total do setor. Somente no primeiro semestre de 2025, as exportações para os EUA somaram US$ 1,04 bilhão, um aumento de 102% em relação ao ano anterior.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o custo médio por tonelada exportada é de US$ 5.732. Com a nova tarifa, esse valor pode ultrapassar US$ 8.600, o que tornaria as exportações praticamente inviáveis diante da concorrência global. A entidade afirmou que “qualquer aumento de tarifa representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina”.
A Abiec alertou para os riscos de barreiras comerciais motivadas por disputas geopolíticas e reforçou a importância da cooperação entre os países para manter o abastecimento global e a segurança alimentar. A associação disse ainda que está à disposição para contribuir com o diálogo diplomático e evitar prejuízos tanto para os produtores brasileiros quanto para os consumidores americanos.
Em resposta à medida, o presidente Lula (PT) convocou uma reunião com os ministros Fernando Haddad, Mauro Vieira, Gleisi Hoffmann e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Caso o cenário não seja revertido, parte das exportações pode ser redirecionada para outros mercados, como China, Hong Kong, Egito e Emirados Árabes.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também demonstrou preocupação, destacando os impactos no câmbio e na competitividade das exportações.
Vale ressaltar que, internamente, o excesso de carne pode gerar queda nos preços ao consumidor brasileiro, segundo fontes do setor.