
Os estados do Nordeste foram os mais afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos, que completou seu primeiro mês em vigor em agosto. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), 21 das 27 unidades da federação registraram queda nas exportações para os EUA em relação a julho. O Acre foi o único estado a não exportar absolutamente nada, após ter vendido apenas madeira e derivados no mês anterior.
Alagoas, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará figuram entre os maiores prejudicados proporcionalmente. Alagoas sofreu queda de 99,4% nas vendas, impactado pela exclusão do açúcar das isenções tarifárias. Pernambuco também perdeu espaço, com recuo de 80,7%, afetado tanto pelo açúcar quanto pelas frutas, como a manga do Vale do São Francisco. No Rio Grande do Norte, as exportações caíram 72,2%, e no Piauí, 76,3%.
Em valores absolutos, porém, São Paulo liderou as perdas: de US$ 1,39 bilhão em julho para US$ 959 milhões em agosto. Minas Gerais e Ceará aparecem em seguida, com retrações de US$ 226,3 milhões e US$ 116,4 milhões, respectivamente. O estado cearense também foi o mais impactado no peso relativo das vendas externas: quase metade da receita total de exportações se perdeu no período, levando o governo local a decretar situação de emergência e lançar medidas de apoio aos exportadores.

Os produtos mais atingidos pelo tarifaço foram minério de ferro, cuja exportação aos EUA foi zerada, açúcar (queda de 88,4%), aeronaves e partes (-84,9%), motores (-60,9%) e carne bovina fresca (-46,2%). O impacto também foi significativo em itens como máquinas elétricas (-45,6%), madeira em bruto (-39,9%) e celulose (-22,7%).
Apesar da retração para o mercado americano, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,13 bilhões em agosto, alta de 3,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações totais cresceram para US$ 29,8 bilhões, impulsionadas principalmente pelo agronegócio e pela indústria extrativista, que compensaram a perda de participação no comércio com os Estados Unidos.
O cenário reforça a dependência de alguns estados nordestinos em relação ao mercado americano. No caso do Ceará, mais da metade das exportações no primeiro semestre de 2025 teve como destino os EUA. Especialistas apontam que, se mantidas as tarifas, regiões produtoras de açúcar, frutas e carne podem sofrer retrações prolongadas, pressionando governos estaduais a buscar novos mercados. As informações são do UOL.