EXTRA! Como uma notícia falsa, de dois anos atrás, está repercutindo em todo o mundo

Atualizado em 2 de fevereiro de 2013 às 17:23

A incrível história da mulher que passou veneno nas partes íntimas para matar o marido.

Veneno

 

Há dois dias uma história bombástica foi parar em alguns dos maiores sites de notícias do mundo: uma mulher de São José do Rio Preto teria passado veneno em sua vagina e pedido para o marido fazer sexo oral. Era uma vingança. Os dois haviam brigado na véspera e ela quis se livrar dele. O homem sentiu um cheiro estranho e parou a tempo. Ele pretendia processa-la por tentativa de homicídio.

O Huffington Post publicou a história, atribuindo as informações a um site português chamado tvi24. O tvi24, por sua vez, dizia que a fonte era o portal Região Noroeste. Uma colunista do jornal The Guardian fez uma análise do caso. “A mitologia em torno das vaginas prejudica mais do que ajuda as mulheres”, escreveu Naomi McCauliffe. “Enquanto as mulheres se sentirem indefesas, nós seremos transformadas em bruxas, envenenadoras ou sereias”.

Na Salon, Katie McDonough diz que o fato de o homem ter levado a mulher para o hospital, apesar do plano diabólico, demonstra que “o cavalheirismo não morreu”. No Jezebel, a colunista avisa que envenenar alguém dessa maneira não é uma ideia muito boa. “Você não apenas está acabando com a vida de uma pessoa, como também está detonando seu ‘encanamento’ no processo”. O drama riopretense saiu nos sites brasileiros também. Era como uma versão moderna do mito da vagina dentata, presente em várias culturas, que expressa o medo ancestral da castração.

Bem, na verdade era mesmo o que parecia: uma palhaçada. A fonte primária é o Região Noroeste. Detalhe: a notícia é de 11 de abril de 2011. Como ninguém se preocupa em confirmar nada, a piada foi se espalhando até se tornar um viral. Não é a primeira vez que uma bizarrice é tratada como coisa séria, obviamente. A velocidade da informação da internet, casada com a preguiça da apuração, dá nisso.

Não se surpreenda se, daqui a dez anos, ler sobre a maníaca novamente. Como continua rendendo audiência, o Região Noroeste não vai tirar a notícia do ar tão cedo. Até o momento, a página tem mais de 2,7 milhões de acessos – e contando.