Extrema-direita é quem mais comete assassinatos políticos nos EUA, diz estudo

Atualizado em 18 de setembro de 2025 às 14:45
O extremista Charlie Kirk antes de ser morto durante palestra em universidade, na última quarta (10). Foto: Reuters

O assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, figura de extrema-direita, reacendeu o debate sobre a violência política nos Estados Unidos. Na semana passada, após a morte do influenciador, o presidente Donald Trump responsabilizou a “esquerda radical”, afirmando que ela foi responsável por “ceifar muitas vidas” e alegando que “a maior parte da violência ocorre na esquerda”.

No entanto, um levantamento publicado pelo think tank estadunidense Cato Institute contraria a versão do republicano e indica que ataques ligados à direita resultaram em seis vezes mais mortes do que os atribuídos à esquerda em solo estadunidense.

O estudo contabilizou todas as vítimas fatais de atentados terroristas com motivação política nos Estados Unidos entre 1º de janeiro de 1975 e 10 de setembro de 2025, período que inclui o assassinato de Kirk pelo atirador Tyler Robinson, eleitor do partido Republicano, o mesmo de Trump.

O total apurado foi de 3.599 mortes. Destas, 83% se referem aos atentados de 11 de setembro de 2001, cometidos pelo grupo Al Qaeda. Excluído esse episódio, a maior fatia recai sobre a direita, responsável por 391 mortes, ou 63% do total. A esquerda responde por 10% das mortes, equivalente a 65 vítimas, e extremistas islâmicos, por 21%.

Tyler Robinson, estudante de 22 anos acusado de matar o extremista Charlie Kirk. Foto: Reprodução

Em números absolutos, a direita aparece em segundo lugar no levantamento geral, com 11% das mortes (391 vítimas), atrás apenas do 11 de setembro, enquanto a esquerda surge com 2% (65 vítimas).

A pesquisa também fez um recorte a partir de 2020. Nesse intervalo, foram registradas 81 mortes em atentados terroristas: 54 delas atribuídas a extremistas de direita, 18 a agressores ligados à esquerda e nove a grupos islâmicos.

O levantamento ressalta que “lesões e danos materiais são excluídos, terroristas que morreram em seus ataques não são contabilizados como vítimas e pessoas inocentes mortas pela resposta policial a um ataque são contabilizadas como mortas pelo terrorista”.

O estudo ainda alerta que diferentes leituras podem ser feitas sobre os dados. “O leitor motivado pode analisar esses números de diferentes maneiras, contar crimes de ódio marginais como ataques terroristas com motivação política, atribuir diferentes motivações ideológicas ao agressor individual e ainda concluir que a ameaça à vida humana desses tipos de ataques é relativamente pequena”, diz o relatório.

O texto ressalta, no entanto, que a baixa incidência não minimiza a dor das vítimas. “Isso não serve de consolo para os prejudicados, e não deveria servir, mas é um fato. De qualquer forma, as vítimas da violência merecem justiça.”

O instituto ainda defende cautela nas respostas políticas: “O governo pode e deve buscar vigorosamente justiça para Kirk e todos os outros assassinados por terroristas com motivações políticas, mas pode e deve fazê-lo sem novas caças às bruxas políticas, poderes governamentais ampliados e uma reativação da guerra contra o terrorismo. Além disso, todos nós deveríamos, pelo menos, perceber o quão incomum é o terrorismo com motivações políticas”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.