
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nesta quinta-feira (6), a Operação Sentinel para investigar um caso de extremismo violento com motivação ideológica e racista.
A ação foi iniciada depois que um homem de 32 anos, identificado como Thiago de Carvalho, enviou ameaças eletrônicas a autoridades dos Estados Unidos, incluindo o presidente Donald Trump. No dia seguinte, ele tentou acessar a embaixada norte-americana em Brasília, levando uma mala, mas foi barrado pelos seguranças.
Segundo a Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV), o brasileiro vinha publicando conteúdo de ódio com viés racial e ideológico, o que levou o Serviço Secreto dos EUA a emitir um alerta às autoridades brasileiras.
O caso chegou à PCDF por meio do Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que recebeu o comunicado norte-americano no fim de outubro.
Após a identificação do suspeito, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em Goiânia (GO), onde ele mora atualmente. O objetivo foi recolher provas, verificar ligações com grupos extremistas e evitar possíveis atentados em território nacional, especialmente contra representações diplomáticas em Brasília.
Durante as buscas, os agentes apreenderam documentos e um caderno com anotações indicando planos para tentar entrar nos Estados Unidos por meio da Guatemala. Em uma das paredes da residência, havia a frase “shoot to kill” (“atire para matar”), escrita com caneta.

O material será periciado para apurar a extensão da ameaça e possíveis conexões internacionais. De acordo com a PCDF, o suspeito enviou e-mails com conteúdo antissemitista e racista a diferentes órgãos do governo estadunidense.
As mensagens continham ameaças explícitas e expressões de incitação à violência. No dia seguinte aos envios, ele compareceu à embaixada dos Estados Unidos, o que reforçou a necessidade de ação imediata das autoridades brasileiras.
O histórico do investigado mostra que ele já havia sido procurado pela polícia de Marlborough, nos Estados Unidos, em 2018. Na ocasião, as autoridades locais divulgaram cartazes classificando-o como perigoso e suspeito de envolvimento em uma agressão violenta. O comunicado recomendava que a população não se aproximasse dele e informava que o brasileiro costumava frequentar bibliotecas públicas para usar a internet.
A Operação Sentinel foi conduzida em caráter preventivo e investigativo, com o apoio do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público do Distrito Federal, da Polícia Civil de Goiás e do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça. A prioridade, segundo a PCDF, é impedir que discursos de ódio ultrapassem o ambiente virtual e se convertam em atos de violência real.