Extremista que ajudou a queimar boneca de Judith Butler é a que agrediu Suplicy na Livraria Cultura. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 8 de novembro de 2017 às 9:30
Celene Carvalho defende as crianças contra a inteligência

Uma das extremistas que ajudaram a queimar o boneco da filósofa Judith Butler no Sesc Pompeia, em São Paulo, é uma velha conhecida das hostes fascistas.

A hoteleira Celene de Carvalho, dos grupos Ativistas Independentes e São Paulo Tem Jeito, emprestou o carro de som para o protesto que incluiu membros dos Juntos Pelo Brasil, Direita SP e Carecas do ABC, facção neonazi clássica paulista.

Celene estava fantasiada de princesa, ou de algo que ela achou que parecia com isso, segurando um cartaz com ilustrações grotescas de um menino e uma menina com brinquedos “adequados” a seu sexo.

“Estamos aqui em defesa do brasileirinho, que têm o direito de ser criança”, falou ao G1. “Judith Butler é personificação da ideologia de gênero, uma falsa acadêmica que defende uma falsa ideologia.”

Em outubro de 2015, ela ficou famosa por hostilizar Eduardo Suplicy na Livraria Cultura de São Paulo após entrevista que Fernando Haddad deu à CBN.

“Suplicy, vergonha nacional”, gritava, em transe odiento, sacudindo um pixuleco. “Democracia o cacete! Cubano! Aqui é terra dos coxinha! Vagabundo!”

Celene também havia causado confusão no casamento do médico Roberto Kalil, ao qual Dilma e Lula compareceram. Aos 52 anos, ela costuma postar fotos com seus ídolos no Facebook, como Reinaldo Azevedo e a mulher de Sérgio Moro, Rosângela.

Antipetista, agora se dedica a combater as causas “esquerdopatas”. Há dois anos, o DCM fez uma pesquisa sobre o hotel de que ela se declara proprietária, chamado Dona Balbina, no Espírito Santo.

No site TripAdvisor, que faz avaliações, um hóspede relatava que a água do chuveiro estava fria, a cama de casal era dura e muito estreita e o telefone do quarto não se comunicava com a recepção.

A cereja desse bolo psicótico é que Celena foi filiada ao PSOL de São Lourenço, Minas Gerais. Chegou a candidatar-se.

Jean Wyllys, na ocasião, escreveu um pedido de desculpas a Suplicy e Haddad.

“Creio que Celene tenha se infiltrado no PSOL devido às disputas internas. Tendo em mente apenas a informação de que o partido nascera de uma dissidência do PT, a fascista deve ter achado que o PSOL seria terreno fértil para seu antipetismo doentio e certamente contou com o apoio de algum dirigente que pretendia usá-la nas disputas internas”, afirmou.

“Jamais sejamos complacentes com fascistas. Reajamos sempre às suas ações. Mas, num gesto humanitário que nos cabe, apiedemo-nos dessas almas pequenas; elas foram envenenadas por canalhas que, ao contrário de nós, estão pouco interessados num mundo mais justo e humano.”

Com a mulher de Moro, Rosângela
Com o ídolo Reinaldo Azevedo