“Fã” da Guarda Civil, assessora de Soninha debocha de servidores que apanharam. Por Donato

Atualizado em 27 de dezembro de 2018 às 7:50
Lylian, assessora de Soninha Francine

Soninha Francine (PPS), de quem a última memória que tínhamos era a humilhação pública a que foi submetida pelo então prefeito João Doria, elegeu-se vereadora. Sem surpresas, votou a favor da reforma na previdência municipal (o Sampaprev). Foi assim na primeira votação e também ontem.

Por 33 a 17, o projeto de lei foi aprovado e entrará em vigor 90 dias após a sanção.

A votação foi mais uma vez tumultuada dentro da Câmara e, fora dela, os servidores públicos novamente violentados em seu direito de participar e de manifestação.

A assessora de Soninha, Lylian Concellos, utilizou as redes sociais para fazer deboche. Ainda antes da chegada dos servidores, ela postou uma foto com várias viaturas da GCM estacionadas.

“Tá facinho”, escreveu ela em tom de afronta a quem tinha intenção de entrar na Câmara para acompanhar a votação.

Assim como o vereador Fernando Holiday, que ria pela janela ao ver servidores (muitos deles professores) serem duramente reprimidos na rua, atacados com spray de pimenta, feridos por estilhaços de bomba e balas de borracha, a assessora Lylian não parece se importar com a truculência. Ela já afirmou ser “fã da GCM”, de quem ganhou caneca comemorativa.

Ao final do massacre, com o projeto que aumenta a contribuição previdenciária de 11% para 14% aprovado em definitivo e com a decisão dos servidores em iniciar uma greve no dia 4 de fevereiro (única reação possível), mais uma vez Lylian fez chacota:

“Hahahaha, cansaram e resolveram fazer greve (…) Queridos pais de alunos da rede municipal de ensino, preparem-se para pagar alguém que cuide deles durante a greve”, tuitou ela juntamente a uma foto do momento de dispersão dos manifestantes.

Pedir para pais de alunos da rede pública de ensino pagarem por babás é algo como sugerir ao povo que não tem pão comer brioches. O escárnio never ends.

Lylian Concellos está com Soninha desde o primeiro mandato de vereadora, em 2006. É ela quem cuida da agenda e das redes sociais. Nas suas próprias contas de Facebook, Twitter e afins, revela uma linguagem típica de torcedores de futebol:

“Plantão da Globo: Thompson passa para Gebran que devolve para Moro que passa para Neymar o habeas corpus de Lula que…. caiuuuuuuu”, postou ela na ocasião. Para depois ainda emendar: “Affff sempre fico tensa na prorrogação. Quando vai pros pênaltis?”.

No dia 5 dezembro, na primeira votação do Sampaprev, Lylian já havia feito posts ofensivos aos servidores contrários ao projeto, afirmando que aqueles que ali estavam não trabalhavam, que ‘ficam em greve 300 dias por ano’. A assessora que gosta de classificar servidores como vagabundos não aprecia, entretanto, ser criticada. No dia seguinte, uma matéria da rádio CBN apontava que vereadores paulistas cancelam 40% das audiências. Lylian subiu nos tamancos:

“Eu fico puta da vida com uma matéria dessa, porque: obviamente quem escreveu ou tava a fim de causar desinformação ou não sabe do que fala (…) cancelar sessões não é legal, mas se for para ter sessão e ficar horas lá pra não fazer nada de produtivo, é inútil”. Pois bem, senhora Lylian, tente dar aula em uma escola sem giz, sem caderno, sem tinta na impressora. É um tanto inútil.

Essa ‘nova forma de política’, com as redes sociais como canal prioritário, com vereadores e assessores comportando-se como moleques que parecem mais dispostos a ‘zoar’ com os grupos rivais do que comprometidos com causas sociais (vide a futura primeira dama trajando camiseta com uma frase proferida pela juíza contra Lula) é algo que trará consequências. Nada boas.

Em seu perfil no Twitter, Lylian se apresenta assim: “Amo a Soninha, encaro a política como missão, tenho tolerância zero com babacas, irresponsáveis e defensores de bandidos.”

Bem, nas eleições de 2014, o PPS recebeu R$ 1.090.000,00 em doações de empresas relacionadas na Lava Jato, sendo as maiores fatias oriundas da Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC.

O PPS, segundo um levantamento feito pelo Movimento Transparência Partidária e divulgado em março deste ano, ficou entre os piores partidos nos quesitos aferidos. Receitas, despesas, patrimônio, regras para ocupação de cargos, portal específico da fundação com contabilidade, relação de contratados do partido com salário e agenda de atividades dos dirigentes. Nada disso é muito bem divulgado pelo partido.

Tolerância zero mesmo?