Facada pode ser a desculpa para a direita envergonhada se entregar ao fascismo. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 8 de setembro de 2018 às 9:08
Bolsonaro disse que ia ‘fuzilar essa petralhada do Acre’

Já vou mudar de assunto, até porque é cilada reduzir a conjuntura política ao evento de Juiz de Fora. Mas há dois efeitos potenciais inquietantes da facada de Adélio, que temos que nos preparar para enfrentar:

(1) Com a escalada da histeria contra a esquerda, estão se assanhando os grupos bolsonarianos que gostariam de se constituir efetivamente como milícias fascistas. Declarações de alguns integrantes – não todos – do círculo íntimo do ex-capitão sugerem este rumo. Caso isso ganhe algum corpo, trata-se de mais uma degradação, gravíssima, do ambiente da disputa política no Brasil, com consequências que vão bem além de outubro.

(2) A onda de simpatia pela vítima da agressão proporciona uma oportunidade para que vários setores da direita-que-se-quer-civilizada superem a vergonha que tinham de apoiar Bolsonaro e assumam a candidatura dele de vez. A cobertura da imprensa sinaliza isso – mas é claro que a reunião com os Marinho, no início da semana, é outro fator que ajuda a explicar. Esse deslocamento da direita para o namoro aberto com o fascismo também projetaria consequências para além de outubro.

.x.x.x.

Como dizia o astrônomo Carl Sagan, “alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias”.

Então bom tratar o incidente como o que de fato foi, a obra de um desequilibrado que criou uma janela de oportunidade para o delírio direitista.

A faca de Adélio corta menos que a navalha de Ockham.