“Falsa pobre”: quem é a universitária bolsista que vive ostentando no TikTok

Atualizado em 23 de julho de 2025 às 18:54
A estudante de Medicina Gabriella Andrade Viegas de Arruda. Foto: Divulgação

A estudante de Medicina Gabriella Andrade Viegas de Arruda, da UniEvangélica, está envolvida em uma polêmica que levanta questões sobre o uso indevido de políticas públicas e o impacto das redes sociais na fiscalização de benefícios.

Ela, que alegou em sua inscrição para o programa GraduAção, da Prefeitura de Anápolis (GO), ter uma renda familiar de apenas três salários mínimos, viu sua situação financeira ser questionada pelo juiz Gabriel Lisboa, da Vara da Fazenda Pública Municipal.

A advogada Priscilla Silva de Andrade, mãe de Gabriella, é servidora pública estadual com um salário mensal de R$ 8.496,10, mais de três vezes o valor da renda familiar que havia sido informada no processo. Além disso, ela possui uma empresa registrada no mesmo endereço onde sua filha mora, o que levanta suspeitas de um possível fluxo de dinheiro não declarado.

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O pai de Gabriella, Tiago Viegas de Arruda, é sócio de uma imobiliária e exerceu cargo de confiança no Instituto de Seguridade Social dos Servidores Municipais durante a gestão do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos). Já o avô materno de Gabriella, Marcos Valin de Andrade, com quem ela alegava residir em condições de pobreza, também é sócio de uma empresa com capital social de R$ 100 mil.

O magistrado descobriu, por meio das redes sociais de Gabriella, que a jovem ostenta um estilo de vida incompatível com a condição de vulnerabilidade exigida pelo programa.

Seus vídeos no TikTok e outras plataformas mostram viagens internacionais, uma rotina fitness e participação em eventos de luxo, o que sugere um padrão de vida muito superior ao que ela havia declarado para obter a bolsa de estudos integral.

Diante dessas evidências, o juiz suspendeu a liminar que havia restabelecido a bolsa e determinou o envio do caso ao Ministério Público de Goiás (MPGO) para investigação de fraude. O MPGO será responsável por confrontar os dados apresentados por Gabriella e sua família com informações da Receita Federal, a fim de verificar a veracidade das declarações feitas para obter a bolsa de estudos.

Paralelamente, a Prefeitura de Anápolis anunciou a criação de uma comissão especial para revisar os critérios do Programa GraduAção. A Secretaria Municipal de Integração Social, Trabalho, Emprego e Renda também iniciou uma auditoria com o objetivo de apurar as possíveis irregularidades e identificar fraudes estruturais no uso das verbas públicas.

De acordo com a gestão municipal, o município não possuía uma base de dados eficaz para verificar a situação socioeconômica dos beneficiários, e somente após a conclusão do trabalho será possível decidir sobre o futuro do programa.