“Falso turismo”: Argentina de Milei começa a expulsar brasileiros; entenda

Atualizado em 21 de fevereiro de 2024 às 9:52
Casa Rosada, Buenos Aires, Argentina. – Reprodução

Nos últimos meses, a Argentina de Javier Milei tem expulsado brasileiros do país, alegando “falso turismo”. Essa mudança na política de imigração marca uma reviravolta após décadas de uma política mais aberta que levou milhares de brasileiros a se estabelecerem na Argentina, especialmente para estudar em universidades públicas. Com informações do Uol.

De acordo com relatos crescentes, brasileiros que chegam aos aeroportos de Buenos Aires têm sido mandados de volta ao Brasil sob a alegação de que estão realizando atividades turísticas, quando, na verdade, pretendem permanecer no país para estudo ou trabalho.

Embora existam acordos bilaterais entre Brasil e Argentina que garantem aos cidadãos dos dois países um status especial e o direito de permanecer em solo estrangeiro por até 90 dias, renováveis por mais 90, muitos brasileiros têm sido barrados mesmo com documentação regular.

Além dos brasileiros, outros estrangeiros sul-americanos também têm sido afetados por essa nova política migratória na Argentina. Relatos indicam que estudantes e turistas de países vizinhos estão sendo impedidos de entrar no país vizinho sem uma justificativa clara.

As expulsões têm gerado preocupações e controvérsias, com relatos de situações humilhantes, como o caso de Natália (nome fictício), uma estudante de artes que foi barrada mesmo com todos os documentos em ordem.

Documento indica que entrada de brasileiro não é permitida por suspeita de “falso turista”. – Reprodução

“Como falsa turista? Eu vim estudar artes, tenho minha matrícula na faculdade, hospedagem na residência estudantil, todos os documentos, cartões de crédito, tudo”, disse Natália aos agentes de migração.

“Me colocaram num avião e não me deixaram saber o número do voo. Me fizeram sentir uma bandida. Foi muita humilhação. Era meu sonho. Todas as minhas economias foram para estudar na Argentina”.

Outros relatos

Outro grupo de brasileiros foi barrado de entrar no país em 30 de janeiro. Duas pessoas informaram às autoridades de imigração argentina que estavam indo estudar em universidades locais, enquanto outras duas afirmaram que estavam indo para fins turísticos. No entanto, todos os quatro foram impedidos de entrar, sendo classificados como “falsos turistas” e alegando “documentação insuficiente”.

As expulsões não se limitaram a esse episódio. Semanas antes, outros brasileiros também foram barrados. Em 1º de fevereiro, por exemplo, a jovem Liana, de 18 anos, que estava indo para a Argentina para estudar, foi impedida de entrar no Aeroporto de Buenos Aires, sob a acusação de ser uma “falsa turista”.

Diante desse cenário, advogados e representantes da comunidade brasileira na Argentina têm denunciado essas práticas como xenofobia e têm buscado formas de contestar as decisões das autoridades migratórias argentinas.

O que dizem as autoridades argentinas

Enquanto isso, as autoridades argentinas justificam as medidas, afirmando que todo turista que entra no país deve apresentar uma passagem de volta e comprovar recursos financeiros suficientes para sua estadia. Essa nova exigência tem gerado incertezas e dificuldades para os brasileiros que desejam visitar ou estudar na Argentina.

Requisitos básicos para um estrangeiro sem residência entrar na Argentina (segundo o governo argentino):

  • Documento habilitado para viajar.
  • Visto — se necessário (não é o caso de brasileiros).
  • Passagens de ida e volta.

As autoridades ainda afirmaram que a Argentina tem o direito de pedir comprovante de reserva no hotel ou carta-convite, bem como demonstração de dinheiro suficiente ou cartão de crédito para cobrir os gastos pessoais.

Acerca dos casos dos brasileiros que foram estudar, a pasta não quis comentar por não possuir dados pessoais de cada um deles.

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