
A Faria Lima recebeu Flávio Bolsonaro (PL-RJ) com desconfiança e dúvidas sobre a consistência de sua agenda econômica, apesar de o senador ter prometido a gestores e empresários um eventual governo alinhado ao mercado financeiro, conforme informações do Globo.
Em encontros realizados nesta semana em São Paulo, o pré-candidato à Presidência afirmou que repetiria a visão liberal do ex-ministro Paulo Guedes, mas não apresentou um programa detalhado, o que manteve a cautela entre investidores.
Segundo interlocutores, Flávio sinalizou que, se eleito, pretende “dar sequência” ao que foi feito por Guedes e mudar os rumos adotados pelo atual governo, comandado por Fernando Haddad na Fazenda.
A principal agenda foi um almoço na sede do banco UBS, que reuniu empresários como Flávio Rocha, da Riachuelo, Richard Gerdau e o ex-presidente do BNDES Gustavo Montezano. No encontro, o senador disse que iniciaria a campanha com “piso alto” de votos e que teria vantagem por carregar o sobrenome Bolsonaro.
Mercado vê mais potencial em Tarcísio
Apesar das sinalizações, gestores e economistas ouvidos avaliam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teria mais chances eleitorais. A resistência ao nome de Flávio ficou evidente no dia do anúncio da pré-candidatura, quando o Ibovespa caiu 8 mil pontos e o dólar fechou em R$ 5,44, maior valor do ano.
No almoço, uma das principais dúvidas era se a candidatura seria mantida. Flávio respondeu que seguirá na disputa e que pode conquistar novos eleitores por ser o “menos radical” do clã.

Falta de programa detalhado
Ao citar Guedes como referência, Flávio não esclareceu quem comandaria a área econômica nem detalhou propostas. Segundo empresários, o tom foi moderado, mas insuficiente para garantir apoio.
Para o mercado, os critérios centrais seguem sendo compromisso com a estabilidade fiscal, previsibilidade institucional e continuidade de reformas e privatizações.
Um dos convidados avaliou que o encontro teve caráter mais midiático do que efetivamente político, e que a simples chancela de Guedes não assegura adesão da Faria Lima.