Faltam os donos do PIB que Bolsonaro armou. Por Alceu Nader

Atualizado em 6 de agosto de 2021 às 13:17

Publicado nos Jornalistas Online

Bolsonaro. (crédito: Evaristo Sá/AFP)

Por Alceu Nader

Pouco a pouco, ainda faltando muito para ser uma resposta em bloco, contundente, o mundo empresarial (donos de bancos, inclusive) está se manifestando contra as ameaças do presidente da República, Jair Bolsonaro, de impedir eleições em 2022.

O anúncio pago pelos empresários nos jornais de ontem, repercutindo em declarações pessoais com CPF no dia de hoje, representa, sim, uma recusa da maior importância contra o tresloucado inquilino temporário do Palácio do Planalto.

Mas um sobrevoo rápido sobre os nomes dos empresários legalistas faz saltar à vista que a defesa da democracia (e da realização das eleições em 2022) está sedo feita principalmente pelos empresários com negócios no ambiente urbano do Brasil.

Faltam ali nomes expressivos dos empresários do campo – justamente aqueles que Bolsonaro deu todas as condições para que se armassem e criassem milícias próprias – e que dependem de empréstimos subsidiados do Banco do Brasil e da Caixa Econômica.

Onde estão esses senhores? O que pensam os países compradores de sua produção?

Contar com a reação indignada de consumidores desses países representa zero, pois os reais consumidores do que o campo brasileiro produz são analfabetos e não falam, mas mugem. O Brasil exporta principalmente alimento para o gado.

Ter a nata do empresariado urbano a favor da democracia é muito positivo – se compararmos com o silêncio de cemitério que predominava até ontem -, mas é pouco ainda para interromper o plano criminoso de Bolsonaro, que continua em andamento.

O apego ao voto impresso é apenas um dos motivos que ele tem, no momento, para se juntar a outros malucos de verde-oliva para promover o golpe de estado.

Seguramente, esse bando deve ter outros motivos para assustar a sociedade civil com a volta da ditadura – e as instituições (e quem tem o PIB) precisam estar mais atentas do que nunca.