Família Bolsonaro é como gangue que se mantém no poder, apesar de derrotas episódicas. Por Moisés Mendes

Atualizado em 21 de setembro de 2020 às 8:28
Flávio, Jair, Eduardo e Carlos: os Bolsonaro | Divulgação

Originalmente publicado por BLOG DO MOISÉS MENDES

Por Moisés Mendes

Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, talvez seja a única figura conhecida da extrema direita presa hoje no Brasil. Apenas conhecida, porque é do quinto time do bolsonarismo.

Todos os grandões estão soltos, a maioria sem tornozeleira, sem denúncia formal, sem processo. O pai de Cristiane, criminoso confesso e condenado, está solto há muito tempo.

Os Bolsonaros, líderes desse pessoal, são cercados, em alguns momentos parece que serão enquadrados, mas o que enfrentam é apenas isso mesmo, o cerco.

Só há uma instituição, entre as diretamente envolvidas com os rolos dos Bolsonaros, que não é do Judiciário mas é do conjunto do sistema de Justiça, que ainda não foi sensibilizada pelos controles da família e dos milicianos e talvez nunca venha a ser. É o Ministério Público do Rio.

Podem mudar os chefes dos promotores, podem articular controles políticos para tentar atrapalhar as investigações, mas é evidente que o MP do Rio resiste.

É do MP que saem até agora os resultados mais consequentes de sindicâncias sobre as rachadinhas e a lavagem de dinheiro da família, mesmo com a conspiração da Polícia Federal.

Foi o MP que definiu Flavio Bolsonaro como chefe de uma quadrilha.
No resto, há focos de resistentes, mas a sensação é de que os Bolsonaros ditam o ritmo das investigações e das atitudes e não enfrentam surpresas.

O bolsonarismo fez com que as instituições vivam de espasmos, como se tentassem provar que estão vivas.

O caso exemplar é o do Supremo. Os movimentos espasmóticos acontecem por conta de atrevimentos esparsos, geralmente de Alexandre de Moraes e de Celso de Mello.

Não há o que esperar de mais nada, em nenhuma outra área, e muito menos da Procuradoria-Geral da República. Bolsonaro e os filhos detêm hoje o controle da situação, inclusive da justiça eleitoral.

Bolsonaro é um sujeito à vontade em relação a imunidades diversas. Já foi infectado, pode fazer o que sempre fez, abraçar, beijar, apalpar, sempre sem máscara.

E também é imune até agora às investidas das instituições. A família Bolsonaro virou uma gangue dessas de séries da TV, que controla uma cidade, perde alguma coisa de vez em quando, mas vence sempre no que interessa.

Os Bolsonaros têm anticorpos, são imunes e impunes e vão vivendo dessa modorra das instituições. É provável que continuem controlando tudo até as eleições de 2022.

As instituições talvez não estejam (ainda) completamente aparelhadas pelos Bolsonaros. Mas não conseguem desfazer a impressão de que temem os Bolsonaros.

A família acovardou muita gente que deveria, pelas prerrogativas e pelas obrigações assumidas, dar o exemplo da coragem. O Brasil não tem mais nem direito de contar com exemplos edificantes.