Família de Braga Netto e Jair Renan Bolsonaro, o 04, estiveram em voos da FAB pagos pelo contribuinte

Atualizado em 1 de agosto de 2021 às 10:53
Braga Netto e Jair Renan Bolsonaro. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente na Agência Sportlight

POR LÚCIO DE CASTRO

Os voos nos aviões da FAB não tem comprovante impresso. Mas são auditáveis.

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E mostram, via Lei de Acesso à Informação, que a família Braga Netto voou unida em 2020. E gratuitamente. Em duas ocasiões, Jair Renan, filho de Jair Bolsonaro, estava presente também.

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Por ocasião dos voos, o general Braga Netto, atual ministro da defesa, ainda ocupava a casa civil. Isabela Oasse, filha do militar, esteve nos voos dos dias 4 e 24 de setembro do ano passado, ambos partindo do Rio de Janeiro para Brasília. Já a mulher do general, Kathia Ancora Braga Netto, viajou Brasília/Rio no dia 3 de setembro, com volta no dia seguinte e fez um ida e volta Brasília/Salvador nos dias 17 e 18.

Jair Renan, o 04, pegou carona de Brasília para o Rio no dia 3 e voltou no dia seguinte, ambos também em setembro.

As agendas que justificam o uso dos requerimentos para os voos são variadas. De orientação do legado olímpico, passando por visitas relacionadas ao combate a pandemia.

Os voos solicitados pelo general, enquanto ministro, junto a FAB são uma prerrogativa legal concedida ao ocupante do cargo, de acordo com o “decreto Nº 10.267”, assinado por Jair Bolsonaro em 5 de março de 2020, que dispõe sobre o transporte aéreo de autoridades em aeronaves do Comando da Aeronáutica.

No entanto, dois artigos são contraditórios em relação a presença dos familiares e convidados.

O artigo 7 do decreto autoriza, ao afirmar que “ficarão a cargo da autoridade solicitante os critérios de preenchimento das vagas remanescentes na aeronave, quando existirem vagas disponíveis além daquelas ocupadas pelas autoridades que compartilharem o voo e por suas comitivas”, ou seja, em última análise, o ministro, pode levar quem ele quiser.

Mas o artigo 6º, em seu 3º parágrafo, não parece confirmar tal enunciado. Está no artigo 6º, 3º parágrafo: “a comitiva que acompanha a autoridade na aeronave do comando da aeronáutica terá estrita ligação com a agenda a ser cumprida, exceto nos casos de emergência médica ou de segurança”.

Isabela Oasse, filha do general, esteve envolvida em outra polêmica recente, também relativa a benfeitorias proporcionadas pelo poder do pai. No caso, uma nomeação para cargo na ANS (Agência Nacional de Saúde), com salário de R$ 13.074,00 e no lugar de um servidor de carreira. A nomeação teve que ser autorizada pela casa civil, ou seja, no caso, o pai autorizou a noemação da filha. Isabela Oasse chegou a ser nomeada mas dois dias depois, devido a enorme repercussão negativa, o ato acabou sendo cancelado.

O general Braga Netto é considerado hoje um pilar do bolsonarismo mais radical. Na última semana, esteve no epicentro de uma polêmica por ocasião da publicação de uma reportagem no jornal Estado de São Paulo que revelava ameaça do ministro da defesa ao presidente da câmara dos deputados no sentido de que, caso não se instalasse o comprovante impresso do voto nas próximas eleições, as mesmas não ocorreriam. Após a publicação, o general tentou desmentir, apesar da contradição de na mesma nota insistir na questão do voto impresso. O presidente da câmara, Arthur Lira, não desmentiu o fato de ter recebido a bravata por parte do general.

O comprovante impresso é pauta do presidente Jair Bolsonaro, que jamais conseguiu provar a existência de fraude nas urnas eletrônicas, que passam por processos de diferentes auditorias e ontem, em sua live semanal, confirmou não ter provas sobre fraudes nas urnas.

Outro Lado:

A reportagem enviou questões sobre a presença de familiares do ministro e de Jair Renan, filho do presidente, nos voos da FAB ao general Braga Netto, através da assessoria de imprensa do ministério da defesa mas não obteve resposta.