
A brasileira Daniela Marys de Oliveira, arquiteta de 32 anos, está presa há sete meses no Camboja, acusada de posse ilegal de drogas, crime que pode render pena de 2 a 5 anos de prisão. Detida na penitenciária provincial de Banteay Meanchey, ela aguarda a sentença, marcada para o dia 12 de novembro. A família nega a acusação e afirma que Daniela é vítima de tráfico humano e de uma armação criminosa, alegando que as drogas foram “plantadas” no banheiro da casa onde ela morava.
De acordo com a Anistia Internacional, a lei cambojana de controle de drogas prevê diferentes punições conforme o tipo de infração. Para posse ilegal, a pena varia de dois a cinco anos de prisão, podendo chegar a dez em caso de reincidência. Já o tráfico de drogas pode resultar em até 20 anos de reclusão. Daniela foi inicialmente apontada como traficante, mas, segundo sua família, a acusação foi corrigida para posse após a investigação preliminar.
A mãe de Daniela, Myriam Marys, relatou que a filha viajou ao Camboja em janeiro de 2025 após aceitar uma suposta vaga de emprego em telemarketing. Pouco depois da chegada, perdeu contato com a família, que posteriormente recebeu mensagens de supostos golpistas exigindo o pagamento de uma multa de R$ 27 mil, alegando quebra contratual. Após a transferência do dinheiro, Daniela ligou dizendo ter sido presa injustamente.

Imagem: Reprodução/Facebook
“Ela me ligou dizendo que estava presa porque encontraram cápsulas de droga no banheiro. Pediu para fazer um teste toxicológico, mas nunca deixaram”, contou Myriam. Segundo a família, Daniela teria se recusado a participar de um esquema de fraudes online, o que teria motivado a armação. A mãe também afirma que a filha ficou doente na prisão e enfrentou demora para receber atendimento médico adequado.
O Itamaraty confirmou que acompanha o caso e que a Embaixada do Brasil em Phnom Penh presta assistência consular à brasileira, conforme o protocolo para vítimas de tráfico internacional de pessoas. Segundo o ministério, em 2024 foram atendidos 63 brasileiros em situações semelhantes, sendo 41 no Sudeste Asiático.
Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch, alertam que o sistema judicial cambojano é rígido e lento. O julgamento de Daniela já passou pela fase de instrução e aguarda apenas a decisão final dos três juízes responsáveis. Caso seja condenada, ela ainda poderá recorrer da sentença, mas seguirá presa até nova deliberação.