Gabriel Oliveira, de 24 anos, mineiro de Contagem, morreu em 4 de julho no Camboja, onde trabalhava em uma empresa de tecnologia da informação. Três meses depois, o corpo do jovem continua retido no país asiático, e a família tenta, sem sucesso, conseguir apoio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) para repatriá-lo. O Itamaraty trata o caso como suspeito de tráfico humano.
O pai do jovem, Daniel Araújo, de 54 anos, contou que o filho viajou em abril após receber uma proposta de emprego. Ele chegou à Tailândia e, em seguida, foi levado ao Camboja, onde dizia trabalhar na manutenção de redes de computadores. Segundo o pai, Gabriel mantinha contato frequente com a família, mas se queixava da carga de trabalho.
A última comunicação ocorreu no início de julho. Dias depois, a família recebeu a notificação da morte por meio do consulado brasileiro na Tailândia. Desde então, os parentes organizam manifestações e pressionam o governo. No último sábado (4/10), eles realizaram um ato na praça Nossa Senhora da Glória, em Contagem, pedindo apoio para o translado do corpo.
Daniel compara o caso ao de Juliana Marins, brasileira que morreu na Indonésia e teve o corpo repatriado após o governo federal revogar um decreto para viabilizar o retorno. “Estamos pedindo o mesmo tratamento, o mesmo gesto humanitário”, afirmou o pai.

A família criou uma página no Instagram chamada “Repatriação do Gabriel”, que ganhou repercussão nas redes sociais. O ator Allan Souza Lima publicou um vídeo pedindo que as autoridades brasileiras agilizem o processo. O caso também tem sido compartilhado por amigos do jovem e ativistas de direitos humanos.
O MRE informou que acompanha o caso e realiza gestões junto ao governo cambojano, conforme a Convenção de Viena sobre Relações Consulares. Em nota, o ministério declarou que “atua de forma proativa em casos de tráfico de pessoas e mantém alertas consulares desde 2022 sobre o aliciamento de brasileiros para a região”.
O órgão afirmou ainda que o traslado de corpos de brasileiros mortos no exterior só é autorizado em “situações excepcionais”, seguindo o artigo 257 do Decreto nº 9.199/2017 e o Decreto nº 12.535/2025, que está em fase de regulamentação.
O pai de Gabriel acredita que o filho pode ter sido vítima de um esquema de aliciamento. “O método usado indica isso. Ele achava que estava indo para um emprego legítimo”, disse. Enquanto aguarda uma solução, a família mantém campanhas e manifestações para tentar trazer o corpo de volta a Minas Gerais.