“Fantasia se rasgou”: Haddad critica Tarcísio por articular anistia de Bolsonaro

Atualizado em 3 de setembro de 2025 às 21:35
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (3/9) que a imagem de Tarcísio de Freitas como político de centro chegou ao fim. Em entrevista à RedeTV!, Haddad declarou que “rasgou-se a fantasia” de que o governador de São Paulo não integrava o bolsonarismo. Ele lembrou que Tarcísio foi ministro do governo Jair Bolsonaro e venceu a eleição com apoio da pauta bolsonarista.

Segundo Haddad, a ligação entre Tarcísio e o ex-presidente não pode ser negada. “Quando o presidente Lula falou que o Tarcísio não existe sem o Bolsonaro, não é para ofendê-lo, é um fato”, disse o ministro. Para ele, a postura do governador ao atuar nos bastidores pelo PL da Anistia confirma a proximidade política.

O projeto, em discussão no Congresso, prevê perdão a participantes dos atos de 8 de Janeiro e pode, dependendo do texto final, alcançar o próprio Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Haddad criticou o envolvimento de Tarcísio na articulação pela aprovação da proposta.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O ministro afirmou que há risco para a democracia brasileira diante de falas que colocam em dúvida as instituições. Ele citou declarações de Tarcísio sobre desconfiança na Justiça e apoio a perdão para acusados de tentar um golpe de Estado. “Quando você vê uma mobilização de partidos ultraconservadores no Congresso, você fica preocupado”, disse.

Haddad também comentou que, embora as investigações sobre os atos antidemocráticos estejam bem documentadas, parte da sociedade ainda enxerga as ações como legítimas. Para ele, esse cenário torna a defesa da anistia ainda mais problemática.

Questionado sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, Haddad afirmou que não acompanha de perto por falta de tempo. No entanto, destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando condenado e preso, não buscou anistia ou perdão, mas apenas um julgamento justo. Ele relembrou que, em 2018, Lula pediu que sua candidatura fosse defendida sem concessões, reforçando que apenas aguardava a correção da decisão judicial.