
Condenado a pagar R$ 135,4 mil ao presidente Lula (PT) por danos morais, Deltan Dallagnol afirmou que repetiria sua atuação na coletiva do PowerPoint “mil vezes”. A declaração foi feita após a Justiça de São Paulo determinar o pagamento da indenização em até 15 dias, sob pena de multa adicional de 10% e cobrança de honorários advocatícios.
A apresentação que originou a condenação ocorreu em 2016, quando o ex-procurador exibiu um gráfico em PowerPoint durante uma coletiva de imprensa, em que apresentava Lula como o “comandante” do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
“Fui condenado por fazer o que faria de novo mil vezes se eu tivesse mil vidas: colocar na cadeia, e não na Presidência, aqueles contra quem surgem fortes provas de corrupção. Fiz a coisa certa, não me arrependo, e quem deveria ser condenado são os corruptos e aqueles que lhes garantem a impunidade suprema”, afirmou Dallagnol em nota enviada ao Metrópoles.
Deltan não teve vergonha de afirmar que o valor será pago com, segundo ele, doações de mais de 12 mil apoiadores, que arrecadaram mais de R$ 500 mil.
“Agradeço a todos aqueles que não me deixaram sozinho e protegeram a minha família de pagar o preço de lutar por justiça num país em que os corruptos mandam. Agradeço também aos mais de 12 mil brasileiros que doaram, sem eu pedir, pequenos valores que somaram mais de meio milhão de reais. Vocês me fortalecem e inspiram a não desistir de lutar pelo nosso país”, disse.
O ex-procurador declarou ainda que a parte do dinheiro que não for usada no pagamento da multa será repassada a hospitais filantrópicos.
“Como me comprometi publicamente, todo o valor excedente será doado a hospitais filantrópicos que tratam crianças com câncer e com transtorno do espectro autista. Oportunamente, prestarei contas de todo o valor”, afirmou.

A decisão da Justiça de São Paulo reconheceu que houve “excesso” na forma como Dallagnol apresentou a denúncia à imprensa, violando a honra de Lula.
A exposição foi considerada ofensiva, já que imputava culpa ao então ex-presidente antes da abertura formal da ação penal, com acusações que nem constavam na denúncia original.