Farra das isenções e benesses públicas ao Rock in Rio geram protestos de vereadores do PSOL

Atualizado em 27 de setembro de 2019 às 17:43
Vereador Tarcísio Motta, do PSOL (Imagem: reprodução)

Num gesto considerado atípico para os padrões do Brasil, vereadores do PSOL Rio de Janeiro devolveram os convites que receberam para o Rock in Rio 2019.

Da tribuna da Câmara, nesta quarta, 25, o líder da bancada, Tarcísio Motta, explicou os motivos.

“Penso que é um recebimento indevido já que o evento é realizado por empresas privadas com apoio do poder público e o nosso papel é fiscalizar os contratos e sua execução”, disse o parlamentar. “É um privilégio que fere o código de ética da função”.

Oficialmente, além dos seis representantes do PSOL, nenhum outro parlamentar abriu mão do presente.

Comandado pelo publicitário Roberto Medina – um de seus parceiros é a TV Globo -, o Rock in Rio é reconhecido como o maior festival de música do planeta. Acontece durante sete dias no parque Olímpico, na Barra da Tijuca, a partir de hoje, 27, até seis de outubro.

Entre as atrações desta edição estão Bon Jovi, Foo Fighters, Red Hot Chili Peppers, Iron Maiden, Scorpions, Anitta, que estreia, e Paralamas do Sucesso.

Os vereadores do PSOl tentam em vão ter acesso aos contratos. Além de não cobrar aluguel do parque Olímpico, a prefeitura está dando incentivos fiscais de R$ 718 mil aos organizadores e seus parceiros.

“Reconhecemos que se trata de um evento importante, mas é preciso transparência”, diz Tarcísio Motta.

Carnaval

Segundo o vereador, a situação do Carnaval, que tem a Rede Globo como detentora oficial dos direitos de transmissão, é ainda mais grave.

Existe a suspeita de contratos subfaturados assinados pela prefeitura e até uma CPI foi instalada na Câmara para tratar do assunto. “Queremos abrir a caixa-preta dos grandes eventos do Rio”, diz Tarcísio Motta.

Apoio de Carlos Bolsonaro

Não terão apoio do paladino da moralidade do clã Bolsonaro: Carlos, o filho vereador de Jair, está pouco se lixando para o que se passa no Rio de Janeiro.

Segundo o DCM apurou, ele é o zero à esquerda do Palácio Pedro Ernesto.

Não participa de Comissões – integra, acredite, uma pro forma voltada ao debate de Direitos Humanos -, não se manifesta em plenário, não interage com colegas, não apresenta nem relata projetos e muito menos dá ciência sobre contratação e trabalho de assessores, motivo de uma tentativa frustrada de abertura de um processo no Conselho de Ética também movido pelo PSOL – o partido conseguiu apenas sete adesões à proposta.

Tarcísio Motta, no dia em foi ao microfone de apartes declinar do convite para ir ao Rock in Rio, não se deu ao trabalho de pedir o apoio de Carlos para a sua iniciativa: o filho de Bolsonaro não o cumprimenta e nos poucos momentos em que está na Câmara se mantém sob proteção policial, além de manter o seu gabinete sempre trancado e vigiado por seguranças.

“Ninguém sabe o que ele faz aqui”, diz o parlamentar.

Tarcísio foi destratado recentemente, num dos raros momentos em que se ouviu a voz de Carluxo no plenário da Casa – entre outras coisas, disse que o colega, notoriamente forma de forma, “deveria ir para a Venezuela para passar fome e perder peso”.

Com ou sem apoio de Carlos, o parlamentar do PSOL, que está no seu primeiro mandato e se tornou um dos mais ativos da Câmara, não pretende parar.

“Com relação ao Rock in Rio, queremos saber em que condições são realizadas as concessões do espaço público, e qual a linha de interesse das isenções. A nós, vereadores, cabe fiscalizar e não aceitar benesses para fazer vistas grossas”.