Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, apoiam Paulo Gonet como o favorito à chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Porém, outro grupo em Brasília também torce discretamente por ele como sucessor de Augusto Aras, celebrando as notícias sobre seu favoritismo nos últimos dias: os bolsonaristas.
Apesar de não ser o nome considerado ideal, Gonet é considerado o “menor dos males” por alguns aliados de Jair Bolsonaro, especialmente aqueles acompanhando de perto os processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles acreditam que Gonet é o menos alinhado à esquerda e a Lula, tornando-o menos propenso a agir contra o ex-presidente.
O Partido Liberal (PL) teme que um PGR alinhado a Lula e a Alexandre de Moraes possa apresentar denúncias que levem Bolsonaro à prisão em investigações sob a tutela do STF. Gonet é visto como alguém com perfil “técnico”, “discreto” e avesso a “pirotecnias jurídicas” por influentes aliados de Bolsonaro.
Gonet, que já foi cogitado para assumir a PGR no governo Bolsonaro, adota posições conservadoras que agradam aos bolsonaristas, como o posicionamento contra o aborto e a resistência à criminalização da homofobia pelo STF. Ele também foi voto vencido em decisões que repararam famílias de vítimas da ditadura militar.
Considerado “conservador raiz” e “cristão” pela deputada bolsonarista Bia Kicis, Gonet, católico praticante, assinou um artigo crítico ao direito ao aborto em 2009. Seu perfil é descrito como um “freio de mão puxado” por alguns no Ministério Público Federal, destacando sua atuação mais passiva, o que agrada aos bolsonaristas, mas preocupa outros setores.
Prós e contras de Gonet
Os bolsonaristas destacam a postura de Gonet ao ressaltar que, apesar de ter defendido a inelegibilidade do ex-presidente no julgamento do TSE em junho, a ação foi liderada pelo PDT, não por Gonet. Além disso, ele já havia arquivado uma representação do MPF contra Bolsonaro relacionada ao mesmo episódio, os ataques ao sistema eleitoral.
Após a reunião de julho, na qual Carlos Vilhena protocolou uma notícia de ilícito eleitoral, Gonet, então subprocurador-geral eleitoral, não tomou providências imediatas. O Ministério Público Eleitoral arquivou o caso sem informar formalmente os autores da representação. Somente em agosto, movido pela repercussão, Gonet agiu, sem mencionar a representação dos procuradores ou as alegações falsas de Bolsonaro.
Ao se manifestar no TSE, Gonet pediu a retirada do vídeo da reunião das redes sociais e multa à campanha de Bolsonaro, sendo ambos os pedidos atendidos com uma multa de R$ 20 mil em setembro do ano passado. No julgamento da ação do PDT em junho deste ano, quando Bolsonaro já não era presidente e Gonet estava cotado para a PGR de Lula, ele adotou um discurso mais firme, caracterizando a reunião de Bolsonaro como tendo um “infesto potencial antidemocrático”. As informações são da coluna de Malu Gaspar do jornal O Globo.