Fazendeiro bolsonarista na BA assedia funcionárias e exige que elas filmem voto com ‘celular no sutiã’

Atualizado em 19 de outubro de 2022 às 9:52
Adelar Eloi Lutz faz propaganda para o presidente Jair Bolsonaro (PL) em Formosa do Rio Preto (BA). Foto: Reprodução

Um inquérito do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA) revelou que um empresário do setor agropecuário do oeste do estado coagiu funcionários para que registrassem com o celular o voto no primeiro turno das eleições presidenciais. Aqueles que não escolheram o presidente Jair Bolsonaro (PL) foram demitidos, aponta o documento.

O assédio partiu de Adelar Eloi Lutz, dono de fazendas em Formosa do Rio Preto, a 756 km da capital Salvador. Há registro do crime eleitoral em gravações que circulam em aplicativos de mensagens.

Num dos trechos, é possível ouvir o fazendeiro estimulando funcionárias a usarem “celular no sutiã” para provar, por meio da gravação de um vídeo, que votaram em Bolsonaro.

“[Disse] se vira, entra com o celular no sutiã, que seja. Vai filmar, senão rua. Filmaram e provaram que votaram”, afirma o áudio.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou em agosto a proibição da entrada de eleitores com o celular nas cabines de votação. A polícia poderá ser chamada caso a regra não seja obedecida. A proposta visa justamente impedir a violação do segredo do voto e coibir o assédio contra o eleitor.

Adelar recomenda que outros empregadores da região ameacem funcionários em caso de voto no candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou em outros adversários. “Eu também lá em casa, o que estava [votando em outros candidatos], eu tirei já [demitiu]. Tinha cinco, dois voltaram atrás. E dos outros dez que estavam ajudando na rua, todo mundo teve que provar, filmaram a eleição”.

Em outro trecho da gravação, o fazendeiro bolsonarista aparece dizendo que duas funcionárias foram recontratadas depois de garantir que votariam no seu candidato no segundo turno, marcado para 30 de outubro. Ele pede uma prova do compromisso.

“Hoje estão falando ‘eu vou votar no Bolsonaro agora’. [Eu disse] votem primeiro, prova e eu te dou serviço. Caso contrário, não”.

 

À Folha a advogada de Aledar negou as informações presentes no inquérito do MPT-BA e disse que vai apresentar sua defesa dentro do prazo determinado pelo órgão, que é de dois dias.

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