O deputado federal Eduardo Bolsonaro se esforçou muito para defender fazendeiros que foram alvo, em 2014, de uma operação da polícia contra invasão de terras públicas de um plano de assentamento do Governo Federal em Itanhangá, no estado do Mato Grosso.
De acordo com o jornalista Rubens Valente, do UOL, o filho do presidente da República atuou ao lado da presidência do Incra, em Brasília. A Operação Terra Prometida investigou políticos e familiares de um dos líderes do agronegócio e que fazia parte da base do atual chefe do executivo nacional no Congresso Nacional, o deputado federal Neri Geller, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura na Câmara.
“Foram transferidos ilegalmente mais de mil lotes para cerca de pouco mais de 80 fazendeiros e grupos familiares”, diz a denúncia da Justiça Federal, em 2021. Mias de 50 pessoas foram presas e 53 ações de investigação foram abertas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
O assentamento tem 115 mil hectares e 1.050 lotes, segundo o Incra. O espaço é um dos maiores da América Latina. Cada lote de 100 hectares custa de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões.
“Atualmente as áreas do PA Itanhangá estão sobremaneira valorizadas, já que o assentamento se encontra localizado em região intensamente explorada pelo agronegócio, contando com lotes grandes, planos e com altos índices de produtividade, gerando a cobiça de um sem número de produtores rurais e de políticos locais, todos dispostos ao uso da força para estender seus domínios sobre as terras dantes voltadas à implementação da reforma agrária”, diz trecho da denúncia do MPF.
Mais de 260 famílias de trabalhadores rurais estão acampadas desde 2013 em um dos lotes e pedem que o Incra retire os fazendeiros de lá. O principal objetivo é que os terrenos sejam distribuídos conforme o programa de reforma agrária.
Eduardo Bolsonaro e sua ação
No dia 10 de março, o filho do presidente da República se reuniu com o deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT) e foi até o Incra para tratar do assunto. Claro que seu objetivo foi defender o grupo de fazendeiros.
Ele conversou com o diretor de Desenvolvimento e Consolidação de Projetos de Assentamento, Giuseppe Vieira, com a procuradora chefe no Incra, Renata Carvalho, e com a diretora de Governança Fundiária, Eleusa Gutemberg. Foi prometido a Eduardo e Cattani que o tema seria prioridade do Incra para ser solucionado.