“Fazia sexo querendo ou não”: a entrevista impactante da brasileira vítima de Epstein

Atualizado em 4 de setembro de 2025 às 18:36
A brasileira Marina Lacerda revelou que foi uma das vítimas de Jeffrey Epstein em coletiva de imprensa nesta quarta (3). Foto: Jonathan Ernst/Reuters

A brasileira Marina Lacerda, que afirmou na quarta-feira (3) ter sido uma das vítimas do empresário Jeffrey Epstein, deu detalhes sobre os anos em que, segundo ela, fez parte de uma rede de meninas forçadas a encontros sexuais com o empresário. Em entrevista à ABC News, Lacerda descreveu a casa de Epstein como “uma porta giratória de meninas” e afirmou que ele abusava de “até dez mulheres por dia”. Na ocasião dos abusos, ela tinha apenas 14 anos.

“A casa dele era uma porta giratória. Sempre tinha garotas. Se ele estava em Nova York, passava uma semana inteira com o máximo de garotas possível. Eu diria que ele tinha encontros com umas cinco a oito mulheres, talvez até mais, talvez até dez mulheres por dia”, relatou a brasileira.

À ABC, ela disse que foi chamada para fazer massagens, mas terminou envolvida em uma rede de abuso de menores. “Eu não esperava o que aconteceria naquele dia, porque com Jeffrey Epstein, tínhamos que fazer sexo, querendo ou não”.

Marina foi peça-chave para o julgamento de Epstein, condenado por tráfico sexual em 2019 e que morreu na cadeia. As evidências fornecidas por Lacerda deram aos promotores “evidências essenciais” que levaram à acusação do empresário.

Na entrevista, a brasileira afirmou que passou a integrar uma rede de meninas recrutadas em Nova York. Ela disse ter acreditado que poderia receber uma proposta de emprego de Epstein que mudaria sua vida. “Eu pensava que, se eu apenas jogasse o jogo, não seria mais só essa imigrante do Brasil, e teria algo a esperar do futuro”, contou.

Os abusos duraram três anos. Marina relatou que, aos 17 anos, o bilionário começou a perder o interesse por ela por ficar “velha demais”. Hoje com 37 anos, Marina participou de uma coletiva de imprensa na quarta-feira (3) para pedir que o Congresso dos EUA aprove uma lei que obrigue a divulgação de todos os documentos da investigação.

Jeffrey Epstein e Donald Trump, presidente dos EUA, nos anos 1990. Foto: reprodução

A brasileira também afirmou que conheceu Epstein em 2002, logo após se mudar para os EUA com a mãe e a irmã. Ela trabalhava em três empregos quando surgiu a oportunidade. “Uma amiga minha do bairro me disse que eu poderia ganhar US$ 300 para dar uma massagem em um cara mais velho”, contou. “Isso passou de um emprego dos sonhos para o pior pesadelo”.

Marina contou que foi procurada pelo FBI em 2008, mas não foi ouvida porque Epstein havia assinado um acordo judicial. Ela só pôde depor 11 anos depois, quando a investigação foi reaberta. “Como imigrante do Brasil, eu me sinto fortalecida em saber que a garotinha que lutava para sobreviver aos 14 e 15 anos finalmente tem uma voz”, disse.

A coletiva foi organizada pelos deputados Thomas Massie, republicano, e Ro Khanna, democrata. A proposta visa a divulgação de todos os documentos sigilosos, incluindo os que estão sob posse do FBI.

Jeffrey Epstein tinha conexões com figuras influentes, entre elas Donald Trump. A ligação virou tema sensível após o nome do presidente aparecer em documentos do caso. O presidente dos EUA nega envolvimento e diz ter rompido com Epstein em 2004.

A mudança de versão sobre a existência de uma lista de clientes irritou a base de apoiadores do republicano, que exigem a divulgação completa das informações sobre a rede de exploração sexual.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.