
Bomba: 2 minutos e 53 segundos foram removidos de um vídeo que o Departamento de Justiça (DOJ) e o FBI apresentaram como gravação “bruta” da única câmera em funcionamento próxima à cela de Jeffrey Epstein, na noite anterior à sua morte. A gravação foi divulgada na semana passada, como parte do compromisso da administração Trump de reabrir a investigação sobre a morte de Epstein em 2019.
Em vez de esclarecer, o material reacendeu dúvidas sobre como o vídeo foi editado.
A revelação foi feita pela revista Wired, principal publicação de tecnologia dos Estados Unidos. A Wired já havia mostrado que o vídeo foi montado no Adobe Premiere Pro a partir de dois arquivos diferentes, o que contradiz a alegação oficial de que se tratava de um registro bruto. Agora, uma análise mais detalhada revela que um dos clipes usados originalmente era quase três minutos mais longo do que a versão final publicada, indicando que houve corte de conteúdo antes da divulgação. Não está claro o que as imagens suprimidas mostravam.
O corte coincide com um intervalo de um minuto, entre 23h58min58s e 0h00min00s, que a procuradora-geral Pam Bondi atribuiu a uma reinicialização automática do sistema de vigilância (VEJA ABAIXO). Os metadados confirmam que o primeiro clipe foi editado até exatamente 23h58min58s, instantes antes da virada de dia. A sequência seguinte começa às 0h00min00s. Embora isso não prove que o “minuto perdido” foi propositalmente removido, também não elimina essa possibilidade.
A liberação do vídeo ocorreu num momento politicamente delicado. Aliados de Trump vinham alimentando rumores sobre revelações bombásticas envolvendo a morte de Epstein. Na semana passada, no entanto, DOJ e FBI divulgaram um comunicado afirmando que não existe nenhuma “lista de clientes incriminadora” e reafirmaram a conclusão oficial: suicídio. A resposta enfureceu influenciadores e figuras da mídia ligados ao trumpismo, que acusaram o governo de acobertamento.
Na sexta-feira, a revista publicou uma análise técnica dos metadados do vídeo, confirmada por peritos independentes com mais de 15 anos de experiência em edição. Eles concluíram que o arquivo foi montado a partir de dois clipes, salvos e exportados várias vezes antes de serem apresentados ao público como “crus”.
A primeira versão da análise indicava que as edições ocorreram ao longo de 23 minutos, mas uma segunda verificação mostrou que os arquivos foram alterados diversas vezes entre 16h48 e 20h16 do dia 23 de maio de 2025. O nome de usuário referenciado no metadado aparece como “MJCOLE~1”, provavelmente uma abreviação de um nome maior, ainda não identificado.
REPORT: The Jeffrey Epstein prison video that was recently released by the DOJ had almost *3* minutes cut out, not just 1 minute like originally reported, according to WIRED.
The outlet says the “raw” video was stitched together in Adobe Premiere Pro from two files.
“Further… pic.twitter.com/84PUPRTWWA
— Collin Rugg (@CollinRugg) July 15, 2025
Os dois arquivos usados têm os nomes “2025-05-22 16-35-21.mp4” e “2025-05-22 21-12-48.mp4”. O primeiro dura 4 horas, 19 minutos e 16 segundos, mas só os primeiros 4 horas, 16 minutos e 23,368 segundos foram incluídos na versão divulgada, cortando os quase 3 minutos finais. O segundo clipe começa exatamente à meia-noite e segue até as 6h40 da manhã.
A análise inicial foi fornecida à Wired por um pesquisador anônimo, e revisada por dois especialistas independentes, que confirmaram a presença de cortes antes do trecho “perdido”.
Tanto a versão “bruta” quanto a “melhorada” do vídeo divulgadas pelo FBI incluem marcadores internos — anotações geralmente usadas por editores para destacar momentos específicos. A versão melhorada, chamada de Vídeo 2, tem 15 desses marcadores próximos à “porta 46” no Metropolitan Correctional Center (MCC) de Nova York, perto da cela de Epstein. Os textos desses comentários não foram incluídos.
Segundo um relatório de 2023 da corregedoria do DOJ, apenas duas câmeras filmavam a área da unidade especial onde Epstein estava preso. A câmera que captou o vídeo divulgado registrava parte do corredor e escadas de acesso ao setor onde ficava a cela. A própria cela, no entanto, estava fora do ângulo de visão, e as escadas estavam parcialmente obstruídas.
O relatório também afirmava que o sistema de vigilância do MCC era antigo, mal mantido, e que os discos rígidos de gravação apresentavam falhas frequentes.
Diante da reação negativa, Trump saiu em defesa de Pam Bondi no sábado: “O que está acontecendo com meus rapazes e, em alguns casos, garotas? Estão todos atacando a procuradora-geral Pam Bondi, que está fazendo um TRABALHO FANTÁSTICO!”, escreveu ele no Truth Social. “Estamos no mesmo time, MAGA, e não gosto do que estou vendo. Temos uma Administração PERFEITA, FALADA NO MUNDO INTEIRO, e pessoas egoístas querem prejudicar isso, por causa de um sujeito que nunca morre, Jeffrey Epstein.”