“Feche a boca”: o duro recado de Bolsonaro para Eduardo

Atualizado em 25 de setembro de 2025 às 17:24
Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu a interlocutores que atuam como ponte com seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que o convençam a “fechar a boca” e não atrapalhar as delicadas negociações políticas em torno da anistia e da redução de penas que o beneficiam.

Segundo Mônica Bergamo, da Folha, o pedido foi feito porque os dois estão legalmente impedidos de se comunicar diretamente, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos são investigados no inquérito que apura coação à Justiça, instaurado após Eduardo, que está nos Estados Unidos, advogar por sanções contra o Brasil e contra ministros do STF.

A dificuldade de comunicação tem criado um clima de tensão familiar e política. As tentativas de intermediários de transmitir a mensagem do pai até agora não surtiram o efeito desejado e, de acordo com fontes, só têm irritado ainda mais o deputado. Um dos mensageiros citados é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-SP), que visitou Bolsonaro na semana passada. Contudo, Cavalcante nega que tenha uma reunião marcada com Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.

Eduardo Bolsonaro mantém uma postura pública de confronto e acredita, segundo relata a interlocutores, que o pai não está em condições de avaliar o quadro político com clareza por estar na condição de “refém”.

Essa visão foi ecoada em uma mensagem repostada por seu principal aliado estadunidense, Paulo Figueiredo, que se referiu ao ex-presidente como “uma vítima presa, doente e incapaz de decidir”, que não pode negociar “os termos da própria soltura”. Em seu perfil no X, nesta quinta-feira (25), Eduardo escreveu que a “PGR [Procuradoria-Geral da República] me denuncia [por] coação, mas quem está sob coação é o meu pai”.

Na avaliação do deputado, Jair Bolsonaro não estaria percebendo que há uma tentativa de impor um acordo político desfavorável, que incluiria apoiar outro candidato para a disputa presidencial e ceder de bandeja os votos bolsonaristas a esse nome – um capital político que, uma vez transferido, poderia nunca mais retornar para a família.

“Existe um movimento para exterminar com a direita. Quem ignorar isso é um verdadeiro negacionista, apenas um peão no tabuleiro prestes a ser tirado do jogo”, afirmou Eduardo.

Nas últimas semanas, o deputado federal intensificou seus ataques não apenas ao Supremo, mas também ao Centrão e ao próprio PL, partido ao qual ele e o pai são filiados. Ele se lançou como candidato à Presidência da República sem o aval de Bolsonaro, declarou que disputará a eleição mesmo contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, comemorou a aplicação de sanções estadunidenses contra a esposa do ministro Alexandre de Moraes e manteve críticas máximas ao STF, chamando os ministros de “mafiosos”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.