“Figura lamentável”: Gilmar detona Fux e sugere “terapia”

Atualizado em 16 de outubro de 2025 às 12:47
Os ministros do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux e Gilmar Mendes. Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil

Dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram uma briga feia nos bastidores nesta semana. Nesta quarta (15), Gilmar Mendes e Luiz Fux se desentenderam durante o intervalo de uma sessão plenária e trocaram farpas.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o motivo da briga foi a decisão de Fux de suspender um julgamento da Primeira Turma envolvendo o ex-juiz e senador Sergio Moro.  O processo tratava de um recurso de Moro para reverter a decisão que o tornou réu por calúnia contra Gilmar.

O placar já estava em 4 a 0 contra o ex-magistrado, mas Fux pediu vista, o que interrompeu temporariamente o julgamento. A atitude irritou Gilmar, que abordou o colega de forma irônica e agressiva. “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato”, disse.

Em tom ainda mais ácido, Gilmar teria aconselhado Fux a “enterrar o assunto do Salvador”, referência a José Nicolao Salvador, ex-funcionário do gabinete de Fux demitido em 2016 e citado em uma proposta de delação premiada.

Ministros do Supremo Tribunal Federal durante sessão plenária na Corte. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Fux reagiu ao ataque, dizendo que pediu vista do processo de Moro apenas para analisá-lo com mais cuidado. Ele também teria manifestado incômodo com o fato de Gilmar falar mal dele em diferentes ambientes.

Gilmar respondeu de forma direta: “É verdade, falo mal de você publicamente, porque considero você uma figura lamentável”. Durante o embate, o decano citou o julgamento recente do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, afirmando que Fux “impôs aos colegas um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido” e “acabou condenando o mordomo [Mauro Cid]”.

Fux rebateu, dizendo que defendeu o que considerava justo e que seu voto refletia a convicção de que os réus do caso golpista estavam sendo submetidos a um “massacre”. O diálogo terminou sem reconciliação e, até o momento, nenhum dos dois magistrados comentou oficialmente o episódio.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.