Fila única: Leitos privados de UTI refletem a profunda desigualdade social no Brasil

Atualizado em 18 de maio de 2020 às 8:50
Com quase 115 mil pessoas infectadas, o Brasil já tem 7.921 mortes causadas pelo novo coronavírus – Foto: Aluisio Moreira/SEI

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Para salvar vidas será preciso requisitar os leitos das Unidades de Tratamento Intensivo de hospitais particulares – e unificar a fila de UTI das redes pública e privada. É o que defendem profissionais de saúde de todo o país para enfrentar a fase mais crítica da pandemia do novo coronavírus. O Brasil totalizou ontem (17) 16.118 óbitos pela covid-19 no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. E 241.080 caso confirmados da doença.

“A cada um leito disponível para pacientes do SUS, existem quatro leitos para o paciente do plano privado, com plano de saúde. E 75% a 80% da população é exclusivamente dependente do SUS (Sistema Único de Saúde). Então você tem um leito para 80% da população e quatro leitos para 20% da população. É muito desigual e a gente acredita que essa desigualdade não se justifica. Então para a covid-19 a gente quer que todo mundo tenha o mesmo direito”, destaca o médico sanitarista Tiago Feitosa, em entrevista ao repórter Pedro Stropasolas do Brasil de Fato, exibido no Seu Jornal, da TVT.

Capitais como Manaus já ocupam a totalidade dos leitos em UTIs públicas e a população morre na espera por atendimento. O presidente do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (Cremam) José Bernardes Sobrinho, afirma que até os leitos particulares já estão próximos do esgotamento. “A pandemia veio para agravar uma situação que já era caótica, tornando-a pública em rede nacional”, lamenta o presidente do Cremam.

Na semana passada, foi lançado o Manifesto Leito para Todos que unifica campanhas pela fila única para UTI no Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. O movimento relembra que a Lei Orgânica da Saúde, da Constituição Federal, já permite a requisição de leitos hospitalares do sistema privado para o público. Assim como a recente Lei de Calamidade Pública aprovada em março.