Filhos de Bolsonaro atacam aliados por se aproximar de Tarcísio: “Maior teatro do Brasil”

Atualizado em 27 de agosto de 2025 às 12:02
Flávio, Carlos, Jair, Eduardo e Renan Bolsonaro. Foto: Reprodução

Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificaram os ataques a aliados políticos depois de novos sinais de aproximação do Centrão em torno da candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência da República.

A reação é vista como uma tentativa de manter o espólio eleitoral do pai e preservar relevância própria, já que todos devem disputar cargos em 2026.

Carluxo e Eduardo atacam aliados

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) criticou a movimentação em prol de Tarcísio e afirmou que o gesto ocorre em um momento de fragilidade do pai, às vésperas do julgamento da trama golpista no STF.

“O problema é a completa falta de humanidade diante do que está ocorrendo com quem os possibilitou alçar voos, numa imposta situação vexatória junto de outros milhares e milhões de brasileiros, enquanto fingem normalidade exatamente no momento em que o STF prepara o maior teatro já visto na história do Brasil”, escreveu nas redes sociais.

Já Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, atacou os que falam em substituição de Jair Bolsonaro na disputa eleitoral.

“Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem. Acho que já deixei claro que não me submeto a chantagens. Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter. Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a poucos dias do seu injusto julgamento”, declarou.

Além das críticas, o “Bananinha” se queixou de ter sido excluído da pesquisa Paraná Pesquisas divulgada no fim de semana, que testou apenas os nomes de Tarcísio, Michelle Bolsonaro e Jair Bolsonaro. Para aliados, a reclamação também foi uma indireta a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, com quem Eduardo tem divergências.

Reação de Jair Renan e silêncio de Flávio

O vereador Jair Renan Bolsonaro (PL-SC) também criticou a exclusão do irmão da pesquisa e disse que Eduardo é “opção natural da direita”. “Por que será que o sistema tenta escondê-lo?”, questionou.

Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem mantido uma postura discreta. Publicamente, evita ataques a Tarcísio e a eventuais articulações de sucessão. Em conversas reservadas, afirmou que não pretende criticar o governador, considerado peça estratégica do grupo político.

Por morar em Brasília e ter contato diário com Jair Bolsonaro, Flávio se tornou o principal porta-voz do pai nas negociações com partidos.

Avanço do Centrão em torno de Tarcísio

Nos bastidores, dirigentes de partidos como PL, PP e União Brasil avaliam que Tarcísio deve assumir a candidatura presidencial após a provável condenação e eventual prisão de Jair Bolsonaro, ainda neste ano. A expectativa é que a oficialização ocorra até novembro ou dezembro, a tempo de organizar palanques nacionais e regionais.

Na celebração dos 20 anos do Republicanos, Tarcísio foi uma das figuras centrais. No mesmo dia, Valdemar Costa Neto afirmou ter conversado com o governador sobre um possível ingresso no PL caso dispute o Planalto.

Além do PL, lideranças como Ciro Nogueira (PP-PI) e Antonio Rueda (União Brasil) também apoiam a movimentação. Um jantar entre governadores de oposição, realizado no dia da aprovação da federação União Brasil-PP, foi visto como um “pré-lançamento” da candidatura.

Embora negue publicamente a intenção de disputar a Presidência, Tarcísio tem feito discursos interpretados como de pré-campanha, reforçando alianças com o mercado financeiro e o agronegócio, sem romper com a base bolsonarista. Nos bastidores, o governador já é tratado como peça-chave nas articulações da direita e centro-direita para 2026.