Fim da pobreza do mundo levaria 230 anos e 1º trilionário surgirá em 10, diz relatório

Atualizado em 21 de janeiro de 2024 às 8:56
Os três homens mais ricos do mundo: Elon Musk, Bernard Arnault e Jeff Bezzos. Foto: Reprodução

Um relatório da Oxfam, intitulado “Desigualdade S.A.”, aponta que a erradicação da pobreza no mundo demoraria cerca de 230 anos. Por outro lado, a previsão é que o primeiro trilionário, provavelmente Elon Musk, do planeta surja nos próximos dez anos.

O documento foi divulgado na última segunda-feira (15) durante a 54ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Segundo o relatório, a década de 2020 tem sido “especialmente difícil” para os mais pobres. A pandemia da Covid-19, conflitos globais, crise climática e o aumento do custo de vida são alguns dos fatores que estariam transformando o período em uma “década de divisão”.

A Oxfam destaca que a pobreza em países de baixa renda é ainda maior do que era em 2019, com salários incapazes de acompanhar os crescentes preços em todo o mundo. O coordenador de Justiça Social e Econômica da organização, Jefferson Nascimento, enfatizou que o aumento do emprego tem sido conduzido pela informalidade, resultando em menor remuneração.

“A queda do desemprego nos últimos tempos vem acompanhada de menores salários médios, precarização, então esses novos empregos têm se dado às custas de trabalhos informais no passado recente. É um cenário que se repete no planeta todo”, disse.

O aumento nos preços de alimentos e bens essenciais a partir de 2021 impactou famílias globalmente. No Brasil, a pandemia afetou principalmente a classe média, enquanto os mais ricos conseguiram se proteger financeiramente.

“O Brasil tem uma distribuição de renda desigual, mas é uma média parecida com a global, o mundo é muito desigual. Durante a pandemia a gente fez um estudo que mostra que quem mais perdeu foi a classe média”, afirmou Marcelo Neri, diretor do FGV Social.

“Os mais pobres foram poupados pelo auxílio emergencial, apesar dos problemas de implementação, e os ricos que têm acesso ao capital financeiro conseguem de alguma forma realocar e se defenderam bem, acrescentou.

O mundo inteirou lidou com a escalada da inflação nos últimos anos. A inflação contribuiu para a insegurança alimentar no Brasil, atingindo 34% em 2022.

Pessoa procura restos de alimentos em São Paulo. Foto: Danilo Verpa/Folhapress

“Quando a gente olha 2022, isso no Brasil, a taxa de extrema pobreza cai, apesar do efeito da pandemia. Mas a insegurança alimentar chega a 34% em 2022. Os preços dos alimentos subiram por conta de vários elementos, é verdade, e a insegurança alimentar atinge seu máximo em 2021, ficando em 36%”, disse Neri.

Por outro lado, relatório aponta que setores como alimentos, energia e medicamentos atingiram lucros recordes devido à escalada dos preços. Empresas dessas áreas registraram os maiores lucros desde 1955.

A renda média da população diminuiu, enquanto bilionários registraram aumento em suas fortunas. A riqueza dos cinco homens mais ricos do mundo – Elon Musk (US$ 245,5 bilhões), Bernard Arnault (US$ 191,3 bilhões), Jeff Bezzos (US$ 167,4 bilhões), Larry Ellison (US$ 145,5 bilhões) e Warren Buffet (US$ 119,2 bilhões) – mais que dobrou (114%) desde 2020, enquanto 60% da população global ficou mais pobre.

As fortunas combinadas desses cinco bilionários aumentaram de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões entre março de 2020 e o final de novembro de 2023. Em média, eles acumularam um aumento de US$ 14 milhões (ou R$ 69 milhões) por hora.

Se cada um dos cinco homens mais ricos gastasse um milhão de dólares por dia, levariam 476 anos para esgotar toda sua fortuna combinada.

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link