Flávio Bolsonaro citou como modelo favela dominada pela milícia, onde foram presos suspeitos do assassinato de Marielle

Atualizado em 22 de janeiro de 2019 às 9:11
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz

A Operação Os Intocáveis prendeu ao menos cinco suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O foco foi o Rio das Pedras, na Zona Oeste. Os presos são integrantes da milícia mais antiga e perigosa do estado. A ação mobilizou 140 policias para executar 13 mandados de preventiva expedidos pela Justiça.

Os milicianos, conta o Globo, exploram o ramo imobiliário ilegal na favela e dois dos detidos comandam o Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em execuções por encomenda.

Os principais clientes do grupo de matadores profissionais são contraventores e políticos. O major PM Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, foi em cana. É denunciado por comandar a grilagem de terra e a agiotagem.

Rio das Pedras é reduto eleitoral do vereador Marcello Siciliano, ligado por uma testemunha à morte de Marielle.

É também o local que serviu de refúgio para Fabrício Queirozex-assessor de Flávio Bolsonaro, antes de ele se internar no Einstein para tratar um câncer no intestino.

A defesa das milícias é uma agenda antiga dos Bolsonaros.

Os dois principais alvos, Pereira e o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, foram homenageados, em 2003 e 2004, por indicação do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Em 2008, na Alerj, o então deputado Flávio discursou sobre a CPI das Milícias, levada adiante por Marcelo Freixo, e mencionou a favela como uma espécie de modelo. 

“Sempre que ouço relatos de pessoas que residem nessas comunidades, supostamente dominadas por milicianos, não raro é constatada a felicidade dessas pessoas que antes tinham que se submeter à escravidão, a uma imposição hedionda por parte dos traficantes e que agora pelo menos dispõem dessa garantia, desse direito constitucional, que é a segurança pública”, afirmou.

Façam consultas populares na Favela de Rio das Pedras, na própria Favela do Batan, para que haja esse contrapeso também, porque sabemos que vários são os interesses por trás da discussão das milícias, como falei.”

Os interesses são vários, sem dúvida.

Favela do Rio das Pedras (Foto Gabriel Monteiro)