
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça (16) que não aceitará qualquer versão “light” do projeto de anistia aos investigados e condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A declaração ocorreu após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), comunicar a líderes que pretende pautar a urgência de um texto alternativo para a proposta.
“Não existe anistia meia-bomba! Só aceitaremos anistia ampla, geral, irrestrita e imediata! Anistia já”, escreveu o senador no X. O posicionamento foi entendido como um recado não apenas à base aliada, mas também aos partidos que negociam um texto de consenso com o Planalto.
Não existe anistia meia bomba! Só aceitaremos anistia ampla, geral, irrestrita e IMEDIATA! #AnistiaJa pic.twitter.com/eQR4BhspAz
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) September 16, 2025
Outros parlamentares próximos a Jair Bolsonaro também já haviam rejeitado a possibilidade de um texto restritivo. Para eles, a anistia deve abranger todos os condenados, incluindo o próprio ex-presidente, que foi sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Câmara, há expectativa de que a votação da urgência da proposta ocorra já nesta quarta (17). Caso seja aprovada, o mérito do projeto poderá tramitar de forma acelerada, aumentando a pressão sobre o governo e o Senado.
A ideia de um texto alternativo tem sido defendida desde o início de setembro por interlocutores do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Ele se posiciona contra uma anistia ampla e geral, defendendo que o Congresso busque um formato limitado, que não contemple Bolsonaro.
Segundo o Metrópoles, líderes da Câmara relatam que Motta sinalizou que pode adotar justamente um caminho oposto ao de Alcolumbre, buscando aprovar um texto mais abrangente para atender às pressões da oposição.
O governo, por sua vez, tenta ganhar tempo para articular uma proposta alternativa. A intenção é negociar um texto que atenda parte dos interesses do Congresso, mas que impeça qualquer possibilidade de perdão direto a Jair Bolsonaro, considerado pela base governista como linha vermelha.