Flávio Bolsonaro usou “cheque-fantasma” em esquema de lavagem de dinheiro, diz MP

Atualizado em 9 de outubro de 2023 às 12:59
Cheque assinado por Flávio Bolsonaro. Foto: reprodução

Um “cheque-fantasma” de R$ 200 mil em nome do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tornou-se uma peça-chave em uma investigação que revelou transações imobiliárias suspeitas envolvendo o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Esse cheque foi utilizado como garantia para a reserva de doze salas em um edifício comercial na Barra da Tijuca, em 2008, uma transação que mais tarde seria alvo de investigações.

Durante cerca de um ano, o “01” efetuou pagamentos relacionados à compra dessas salas, totalizando R$ 297 mil. Porém, nenhum desses pagamentos saiu de sua própria conta bancária. Em vez disso, ele utilizou R$ 86,5 mil em dinheiro em espécie, R$ 193,6 mil em boletos e R$ 16,8 mil em cheques. Todo o negócio envolveu uma quantia considerável de aproximadamente R$ 3 milhões.

Mais tarde, Flávio vendeu essas salas por um valor significativamente maior. O Ministério Público argumentou que essa venda foi uma manobra para legitimar recursos de origem duvidosa, caracterizando-a como um caso de lavagem de dinheiro.

Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Foto: Reprodução

Apesar da investigação, o senador nunca prestou explicações detalhadas sobre a aquisição das salas. Em vez disso, ele optou por criticar o Ministério Público, alegando irregularidades processuais. Eventualmente, a denúncia contra ele foi arquivada, mas não por falta de provas; em vez disso, as evidências foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base no argumento do foro privilegiado.

Devido às negociações diretas com representantes da construtora, a aquisição das salas não deixou rastros nos registros públicos. No entanto, o cheque de R$ 200 mil, emitido por Flávio Bolsonaro como garantia para a reserva das salas, se destacou como uma evidência crucial: para evitar que o cheque fosse descontado, ele assinou o documento de maneira peculiar, usando apenas seu nome completo em letra cursiva.

Esse cheque, obtido pelo jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, tornou-se uma peça central nas investigações, juntamente com outros documentos relacionados a transações suspeitas, apreendidos durante operações de busca conduzidas no âmbito das rachadinhas.

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Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.