Nesta segunda-feira (9), o governador do Maranhão e o vice-líder do PCdoB na Câmara e presidente do partido no Maranhão foram às redes sociais para rebater acusações feitas por Eduardo Braide (Podemos), candidato à prefeitura de São Luís que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal em um processo que apura desvio em licitações, e pelo seu “tutor”, o senador Roberto Rocha (PSDB). As informações sobre o representante do Podemos foram divulgadas pela coluna Painel no último sábado (8).
A reportagem da Folha apresenta um documento sigiloso de 2019 em que o procurador Ronaldo Meira de Vasconcellos Albo classifica Braide como investigado em um despacho do desembargador Olindo de Menezes (do TRF-1). No documento, Albo determina que o caso seja enviado para o Supremo. Há também uma procuração do próprio Eduardo Braide constituindo defesa nos autos do inquérito.
“O candidato Braide debochou dos cidadãos e cidadãs de São Luís ao mentir sobre processo em que é investigado por suspeita de corrupção. Em setembro do ano passado, Braide assinou procuração para advogados atuarem em sua defesa no inquérito policial 0969/2016-DPF/MA. Ou seja, como todos agora já sabemos, Braide é investigado e quebrou o decoro parlamentar ao mentir reiteradas vezes. Mentiu! E quem mente não merece confiança para ser prefeito”, disse Márcio Jerry, em resposta ao ataques capitaneados por Rocha.
A suspeita é de que o crime de corrupção envolvendo o candidato tenha ocorrido entre os anos de 2011 a 2014, quando o candidato era deputado estadual. “Descobrimos que Braide constituiu advogado para defendê-lo em processo que ele diz não existir. Sua máscara caiu! Ainda bem que os eleitores de São Luís tiveram a tempo a informação correta sobre quem é o representante do Podemos”, completou Márcio Jerry.
Censura
No domingo (8), a juíza Cristiana de Sousa Ferraz Leite, da 76ª Zona Eleitoral do Maranhão, acatou o pedido de Braide e censurou a publicação da Folha que revelava o documento do Ministério Público citando o político como investigado.
O jornal prometeu recorrer na justiça, alegando que a ordem viola o exercício da garantia constitucional que assegura a liberdade de imprensa e o acesso à informação. “A censura é intolerável, e vamos tomar providências para que a decisão seja revista”, disse Luís Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha.
Em meio à polêmica, o senador Roberto Rocha (PSDB), responsável por ciceronear o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Maranhão no fim de outubro, chegou a acusar o governador do estado de estar por trás da notícia do jornal. “O governador fez publicar na Folha de S. Paulo mais uma mentira para tentar enganar São Luís. Em matéria paga, disse que Braide é investigado pela PF”, disse Rocha, em uma rede social.
Nesta segunda, Flávio Dino não deixou por menos e respondeu ao porta-voz de Bolsonaro e Braide. “A última agressão de um “líder” de Bolsonaro no Maranhão é me acusar de ter comprado uma matéria na Folha de São Paulo contra o candidato Braide. Quem deve explicações na polícia e na Justiça deve prestá-las. E não mentir ou inventar factoides para desviar atenção”, sentenciou.