Flávio faz vaquinha para policiais enquanto STF apura chacina e ele responde por rachadinha

Atualizado em 2 de novembro de 2025 às 16:38
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Foto: Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lançou neste domingo (2) uma vaquinha virtual para arrecadar recursos destinados às famílias dos quatro policiais mortos na megaoperação contra o Comando Vermelho, realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira (28). A meta é R$ 400 mil, e até as 16h a campanha havia arrecadado cerca de R$ 102 mil, segundo dados divulgados pela própria plataforma.

Em publicação no X (antigo Twitter), o senador afirmou que os agentes “perderam a vida lutando por nós” e pediu “apoio às famílias dos heróis tombados em combate”. A iniciativa foi compartilhada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que divulgou o link da arrecadação pedindo “qualquer ajuda que possa fazer diferença”. A operação, chamada Contenção, é a mais letal da história do país, com 121 mortos, segundo balanço da Secretaria de Polícia Civil.

Os policiais homenageados são Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, comissário da 53ª DP (Mesquita); Rodrigo Velloso Cabral, da 39ª DP (Pavuna); e os sargentos do Bope Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca. Em nota, a Polícia Civil lamentou as mortes e chamou os agentes de “heróis que deram suas vidas em defesa da sociedade”, prometendo “resposta à altura” contra os responsáveis.

A movimentação de Flávio ocorre em meio à escalada política em torno da operação, que impulsionou a popularidade do governador Cláudio Castro (PL). Ontem, o governo do Rio anunciou aumento de salários e novos investimentos em segurança pública, reforçando a aposta política na narrativa de “guerra ao crime”.

Críticos lembram, porém, que Flávio Bolsonaro é réu em processos relacionados à “rachadinha” e compra de imóveis em dinheiro vivo, incluindo o episódio conhecido como “caso da Kopenhagen”, revelado em 2020, que apontou movimentações financeiras incompatíveis com sua renda declarada. A vaquinha é vista por opositores como tentativa de reabilitar sua imagem pública e associá-lo novamente à pauta policial.

Enquanto isso, a operação segue sob investigação do Supremo Tribunal Federal, após decisão do ministro Alexandre de Moraes determinando a preservação integral das provas e convocando entidades de direitos humanos para audiência nesta semana.